Homem sofre há 20 anos por conta da picada da cobra surucucu-pico-de-jaca, a mais longa serpente venenosa das Américas.
A picada da surucucu causou danos gravíssimos à vítima, que praticamente deve a perna direita necrosada por conta da peçonha muito poderosa.
O veneno da surucucu apresenta atividade proteolítica (intensas reações locais); coagulante (alteração da coagulação do sangue) e hemorrágica (sangramento).
O seu veneno no organismo do acidentado provoca reações semelhantes ao veneno das jararacas acrescidas de diarreia, bradicardia, hipotensão arterial e choque.
Deve-se utilizado o antiveneno específico (antilaquético) por via intravenosa e em quantidade suficiente. Notificar o Centro de Controle de Intoxicações.
ASSISTA:
Surucucu-pico-de-jaca
Surucucu (Lachesis muta), também chamada surucutinga, surucucutinga, surucucu-pico-de-jaca, cobra-topete ou surucucu-de-fogo, é a maior serpente peçonhenta da América Latina.
Os adultos de surucucu crescem em média de 2 a 2,5 metros (6½-8 pés), embora 3 metros (10 pés) não sejam muito incomuns. O maior espécime registrado tinha quase 3,65 metros (12 pés) de comprimento, tornando-o a maior de todas as víboras e a cobra venenosa mais longa do hemisfério ocidental.
A surucucu é a mais longa cobra venenosa das Américas e a segunda no mundo depois da cobra-real (Ophiophagus hannah). A cabeça é larga e distinta do pescoço estreito. O focinho é amplamente arredondado. Não há canto. Um par de internasais pequenas está presente, separadas por pequenas escalas.
Os supraoculares são estreitos. Outras partes da coroa são cobertas com escamas muito pequenas. Lateralmente, o segundo supralabial forma a borda anterior da fosseta loreal, enquanto o terceiro é muito grande.
A fosseta loreal é bem pronunciada. O olho é separado dos supralabiais por quatro a cinco fileiras de pequenas escamas. A dentição é do tipo solenóglifa.
O corpo é cilíndrico, afilado e moderadamente robusto. No meio do corpo existem 31-37 fileiras não oblíquas de escamas dorsais que são fortemente quilhadas com tubérculos bulbosos e fracamente imbricadas. Existem 200-230 escamas ventrais.
A cauda é curta com 32-50 subcaudais pareados, seguidos por 13-17 fileiras de pequenos espinhos e um espinho terminal.
Como a maioria das víboras do Novo Mundo, a surucucu exibe comportamento de vibração de cauda defensiva em resposta a potenciais ameaças predatórias. O padrão da porção dorsal da cabeça apresenta tom amarelo-alaranjado, com várias manchas escuras e de tamanhos irregulares.
O corpo também apresenta tons amarelo-alaranjados ou claro com manchas negras em forma de losangos mais claros no centro distribuídos ao longo do corpo. O ventre é branco e a cauda curta é negrejada.
Acidentes com serpentes do gênero Lachesis são chamados acidentes laquéticos. Representam cerca de 1,4% dos acidentes que ocorrem por ano no Brasil.
Os acidentes ocorrem porque as vítimas não percebem a sua presença e se aproximam demasiadamente. Por isso quando se está em seu habitat natural, deve-se ter atenção redobrada, além de se estar devidamente calçado, com botas de cano alto ou perneiras de couro, botinas, sapato fechado, uma vez que, a maioria dos acidentes (cerca de 80%) ocorrem nos membros inferiores (pés e pernas).
Alguns relatórios sugerem que esta espécie produz uma grande quantidade de veneno que é fraco em comparação com algumas outras víboras. Outros, no entanto, sugerem que tais conclusões não são precisas. Esses animais são muito afetados pelo estresse e raramente vivem muito tempo em cativeiro.
Isso dificulta a obtenção de veneno em quantidades úteis e em boas condições para fins de estudo. Por exemplo, Bolaños (1972) observou que o rendimento de veneno de seus espécimes caiu de 233 miligramas para 64 miligramas enquanto eles permaneceram sob seus cuidados. Como o estresse da ordenha regular tem esse efeito na produção de veneno, é raciocinado que também pode afetar a toxicidade do veneno.
Isso pode explicar a disparidade descrita por Hardy e Haad (1998) entre a baixa toxicidade laboratorial do veneno e a alta taxa de mortalidade de vítimas de mordida.
Brown (1973) fornece os seguintes valores de LD50 para camundongos: 1,5 mg/kg IV, 1,6-6,2 mg/kg IP, 6,0 mg/kg SC. Também observa um rendimento de veneno de 200–411 miligramas.
O veneno da surucucu tem atividade proteolítica, ocasionando lesão tecidual, ação hemorrágica e neurotóxica. É diferente da peçonha botrópica por poder ocasionar síndrome vasovagal em algumas vítimas.
Esta peçonha consome protrombina e fibrinogênio repercutindo em uma coagulopatia do tipo “Coagulação Intravascular Disseminada”.
Os sintomas são bastante semelhantes aos causados pelo Bothrops, no local da picada há dor, edema, equimose, necrose da pele, abscessos, vesículas e bolhas. As principais complicações no local da picada incluem necrose, síndrome compartimental, infecções secundárias e déficit funcional.
Os efeitos sistêmicos são caracterizados por hipotensão, tontura, distúrbios visuais, bradicardia, dor abdominal, náusea, vômito e diarreia. Outras manifestações também são semelhantes ao Bothrops, incluindo hemorragia sistêmica e insuficiência renal.
Em Ilhéus, na Bahia, um menino de sete anos foi mordido ao sair de casa e pisar em um desses espécimes. Foi relatado que a criança faleceu 15 minutos depois. Em 2005, no noroeste de Mato Grosso, uma criança de cinco anos também morreu, entrando em choque aproximadamente 30 minutos após ser mordida e sucumbindo em 90 minutos.
O único tratamento disponível atualmente é a administração intravenosa do soro antilaquético ou anti botrópico-laquético no acidentado.
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