O que é possível criar com o lixo que descartamos? No final de um dia comum, cada habitante de Mato Grosso produz – em média – 1,024 quilo de lixo. Ao todo, o Estado gera cerca de três toneladas de resíduos nesse período. Muito além de mero refugo, o lixo que descartamos pode ser reaproveitado e virar matéria-prima para a arte.
As sacolas de plástico do supermercado podem virar figurino. Garrafas pet, jornais, caixas de papelão ou revistas dão corpo a novas possibilidades, através da técnica e da criatividade.
Proporcionar um diálogo sobre a realidade do descarte incorreto desses materiais é o objetivo do workshop ‘Corpos Residuais’, realizado pelo coletivo Spectrolab. A proposta é reunir artistas locais, recicladores e catadores de lixo em oficinas de criação artística.
Os encontros serão realizados nos municípios de Chapada dos Guimarães (27 e 28/02), Cuiabá (06 e 07/03), Primavera do Leste (03 e 04/04) e Cáceres (10 e 11/04). Para cada cidade, serão disponibilizadas 15 vagas.
Os interessados podem optar pela participação presencial, seguindo os protocolos de biossegurança contra a covid-19, ou acompanhar as oficinas pela internet. As inscrições são gratuitas. Para participar, basta preencher o formulário disponível no site www.spectrolab.art.br.
Além de teoria, os participantes criarão figurinos, máscaras, acessórios e dispositivos. Ao final das oficinas, as criações e criaturas ganharão as ruas das cidades em uma intervenção urbana.
A matéria-prima utilizada será coletada nos municípios. Para isso, cada participante deve recolher o próprio material iniciando e incentivando uma campanha de arrecadação. Caso haja excedente, os resíduos serão encaminhados para a reciclagem.
“Para os municípios envolvidos, essa campanha de coleta pode ser um pontapé para que outras iniciativas sejam realizadas e também haja incentivo para o trabalho artístico envolvendo a reciclagem”, propõe o coletivo.
O projeto é realizado com recursos da Lei Aldir Blanc ao ter sido selecionado no edital MT Nascentes promovido pelo Governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel).
Spectrolab
O coletivo Spectrolab – Investigação Cênica surgiu em 2016 com a união de artistas mato-grossenses, que compartilham de aproximações em artes híbridas por meio das formas animadas. Seus principais projetos incluem a criação cenográfica e estética da cena teatral, a confecção e manipulação de elementos cênicos tais como, bonecos, máscaras, dispositivos e outros adereços que trazem reflexões atuais sobre a materialidade presente nesses objetos.
Atualmente o coletivo é formado pelos artistas Douglas Peron, Elizabeth Othon, Millena Machado e Raquel Mützenberg.
Entre outros trabalhos, o coletivo tem no currículo “Maiêutica”, que circulou no Brasil pelo projeto Sesc Palco Giratório, 2018; “Resí(duo)” apresentado na Mostra Sesc de Cultura no Cariri, no Ceará, em 2019; e o projeto “Reciclar Brincando”, no Programa Siminina, em Cuiabá, no ano passado.