A Polícia Civil concluiu, nesta quarta-feira (16.03), o inquérito policial instaurado para apurar os crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e posse irregular de arma de fogo, praticados pelo vereador e presidente da Câmara Municipal de Nova Nazaré (796 km a leste de Cuiabá).
O vereador foi preso no dia sete de março na operação Camuflagem, deflagrada pela Delegacia de Água Boa, e executada nas cidades de Nova Nazaré e Ariquemes (GO). Na ocasião, foram cumpridos mandados de prisão contra o vereador e o seu irmão, empresário no estado de Goiás, por duplo homicídio ocorrido em janeiro de 2007 na cidade de Ariquemes (RO).
Durante diligências na residência do vereador de Nova Nazaré foram apreendidos diversos objetos, tais como armas de fogo, munições, carregadores, maleta de arma de fogo, inúmeros cartões, cheque, RG, carteira de vereador, carteira de habilitação para dirigir (CNH), entre outros, adquiridos com seu nome falso.
As investigações da Polícia Civil apontaram que além de cometer duplo homicídio em outro estado, o vereador falsificou e fez uso de documentos adulterados para constituir nova vida em de Nova Nazaré, em Mato Grosso e ainda ludibriou os moradores da cidade, usando falsa identidade, participando ativamente da vida política. Ele foi eleito vereador por dois mandatos no município, ocupando atualmente a cadeira de Presidente da Câmara Municipal.
Futuro candidato a prefeito do município de Nova Nazaré, o suspeito responde a vários procedimentos criminais, como furto, ameaça, furto de gado, apropriação indébita, posse irregular de arma de fogo, receptação e direção perigosa, além de responder por diversas passagens criminais na cidade Aruanã (GO) por furto em zona rural, lesão corporal, posse ilegal de arma de fogo e receptação.
Investigações
Após o duplo homicídio em Rondônia, a família fugiu para o Estado do Mato Grosso, mas enquanto estavam na cidade de Bom Jesus, o irmão que se tornou empresário em Goiás ainda usava a identidade verdadeira. Entretanto, com a morte de seu primo, que morreu com um raio na cabeça, assumiu a identidade do falecido.
A certidão de óbito da vítima não foi realizada, assim, o suspeito foi até a cidade de Nova Crixás (GO) e, lá, emitiu outros documentos, passando a usar tal identidade, especialmente para efetuar transações bancárias.
A identidade usada pelo vereador de Nova Nazaré também é de uma pessoa falecida. Márcio Túlio era uma criança, filho do seu tio paterno. O referido menino faleceu em Goiânia, mas seu óbito não foi atestado. Desde então, o suspeito utilizava a identidade de Márcio Túlio.
O investigado chegou ao município de Nova Nazaré entre os anos de 2011 e 2012, mas nessa época trabalhava com caça e pesca. Inclusive, há denúncias de que em 2014 vários furtos de gado na região foram arquitetados por ele. Logo depois, em 2016, foi candidato a vereador pela primeira vez, sendo eleito pelo PSDB e, desde então seu maior envolvimento profissional tem sido por meio da política. Há informações de que o indiciado participa de outros negócios não declarados, aumentando assim expressivamente seu patrimônio e o de sua família.
Segundo o delegado regional de Água Boa, Valmon Pereira da Silva responsável pelas investigações, o cadastro de Márcio Túlio Ribeiro Gonçalves junto ao INSS foi realizado após 31 anos de seu nascimento (cd. feito em 19/01/2017). “Possivelmente pode ter sido efetuado apenas por ser uma das exigências da Justiça Eleitoral para ocupação de cargo político, uma vez que foi eleito como vereador no ano de 2016”, explicou o delegado.
Na conclusão do inquérito, o vereador foi indiciado pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e posse irregular de arma de fogo. Uma cópia do inquérito foi enviada para a Polícia Federal, uma vez que o suspeito obteve o registro de arma de fogo em nome do parente falecido, fraudando o controle de armas do Exército Brasileiro.
Outra cópia do procedimento foi enviada para a Polícia Civil de Goiás, para apurar a emissão das cédulas de identidade e Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsas ocorridas no estado.