A procura por imóveis aumentou em Cuiabá em 2020, mesmo com a crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. Dados do Sindicato da Habitação de Mato Grosso (Secovi-MT) apontam recorde na movimentação financeira no setor.
No ano passado, o setor movimentou R$ 3,2 bilhões, sendo R$ 1,1 bilhão nos últimos três meses. O teto anterior foi em 2015, quando foram movimentados R$ 2,3 bilhões.
Como resultado desse aumento nas vendas, diminuiu a quantidade de propriedades à venda no mercado imobiliário.
O diretor de uma construtora que trabalha com condomínios horizontais avalia que a pandemia transformou a forma como o brasileiro enxerga a moradia e, com isso, passou a buscar imóveis que agregassem mais qualidade de vida.
Ocorre que durante a pandemia a população teve que passar mais tempo em casa por causa das medidas de prevenção à Covid-19. “A população reformulou seu ideal de moradia”, disse Júlio Braz.
Essa mudança de comportamento dos clientes sinaliza a recuperação do setor que atravessava uma crise nos últimos anos, marcada por distratos, devoluções e muita oferta e pouca procura.
Em 2019, o mercado imobiliário começou a ascender novamente e, mesmo sem considerar a pandemia, especialistas apontavam que 2020 seria também um ano de crescimento.
A mudança do cenário começou, de acordo com os dados do Secovi-MT, a partir da redução da Taxa Selic, que está em 2%, que reduziu os juros dos empréstimos em vários setores, incluindo o da habitação. O aumento do prazo de financiamentos, antes limitado a 30 anos, ajudou a aquecer o mercado.
A mudança no comportamento das pessoas durante o ano passado fez com que a crise não só fosse contornada, como também tornou as vendas crescentes.
A maior procura foi por imóveis completos em condomínios fechados, com área de lazer, espaço para trabalho remoto e ambientes de conforto e qualidade de vida.
As pessoas procuram por mais espaço, tanto em área construída como com em quintais e áreas verdes.
“A percepção do que é um lar casa mudou. As pessoas vão ficar mais em casa, muitos adaptaram-se ao home office, e isso deve perdurar. Se antes as áreas de lazer eram ociosas, hoje elas têm muita importância”, analisa Braz.