Os usuários do transporte coletivo de Cuiabá e Várzea Grande podem enfrentar uma paralisação dos ônibus a partir da meia noite deste sábado (6). Com decisão aprovada em assembleia geral realizada em março passado, os trabalhadores prometem entrar em greve geral caso os empresários não efetuem o pagamento no quinto dia útil. Em média, 200 mil pessoas utilizam o ônibus nas duas cidades.
“Nossa categoria está determinada a cruzar os braços em protesto contra os costumeiros atrasos no pagamento de seus salários”, afirma Ledevino da Conceição, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários da Baixada Cuiabana (Sintrobac). “Paralisaremos nossas atividades a partir do dia 6 se qualquer uma dessas empresas deixar de pagar todos os seus servidores no prazo legal”, acrescentou em comunicado encaminhado à categoria.
Ledevino da Conceição explica que os mais de 1.800 funcionários, entre motoristas e administrativo estão há um ano convivendo com os atrasos no pagamento, sem que a situação se normalize. “A folha do mês passado, por exemplo, o pessoal da administração e da manutenção recebeu dia 19, dia 20, mais ou menos”, comentou. “Todo mês o trabalhador paga sua prestação, tarifas e suas dívidas e paga juros”, acrescentou.
Conforme o presidente do Sintrobac, os empresários já foram comunicados e, inclusive, teriam participado de algumas das reuniões feitas pela categoria. “Somos sensíveis ao transtorno que é para a nossa população ficar sem o serviço do transporte coletivo, mas também não podemos mais conviver com essa situação humilhante de atraso salarial enquanto decidamos plenamente ao nosso trabalho”, lamenta o presidente pedindo a compreensão dos usuários do sistema.
Em junho próximo, vence o contrato das empresas que operam na capital com a prefeitura. Nesta semana, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) julgou procedente a cautelar que mantém o preço das passagens em R$ 3,85. Também determinou que a Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Cuiabá (Arsec) refaça os cálculos que resultam no valor de R$ 4,10.
A Semob aguarda o novo cálculo para lançar o edital de licitação, uma vez que os estudos de viabilidade econômica que serviram de base para o desenvolvimento do processo consideram o valor de R$ 4,10, definido ainda em 2018. A Arsec deve apresentar o novo cálculo ao TCE em 15 dias. Nas duas cidades, operam as empresas Norte Sul, Pantanal, Integração e União Transporte.
DATA-BASE – Com data-base em maio, os trabalhadores do transporte coletivo também já apresentaram a pauta de reivindicação. Eles pedem 16% de reajuste tendo como base o mesmo percentual de recomposição recente das perdas inflacionárias nos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A categoria pede ainda plano de saúde, reajuste do ticket alimentação e melhorias das condições de trabalho.