O Decreto nº 432, do Governo do Estado, que amplia a suspensão das atividades presenciais da Universidade do Estado de Mato Grosso até 30 de abril, também sugere que que as instituições “analisem a possibilidade técnica, operacional e orçamentária de retomada das aulas por meio de ferramenta que viabilize o ensino a distância”.
Internamente na Universidade, desde que as atividades presenciais da graduação e pós-graduação foram suspensas, em 17 de março, surgiram propostas de continuidade de cursos e disciplinas por meio de ferramentas, plataformas digitais ou aplicativos de comunicação, como uma das possíveis formas de dar continuidade ao ensino de graduação.
A gestão da Unemat entende que essa mudança não pode ocorrer de forma imediata, sem avaliar as condições mínimas para garantir a oferta de ensino de qualidade, de maneira ampla e democrática, sem prejudicar os mais de 21 mil acadêmicos matriculados nos 13 câmpus e 32 núcleos pedagógicos e polos de Educação a Distância da instituição.
“As soluções tecnológicas devem ser consideradas emergenciais, já que não darão conta de atender à diversidade de nossos estudantes, assim como às atribuições de ensino, pesquisa e extensão que caracterizam as universidades públicas”, afirma o reitor da Unemat, Rodrigo Zanin.
Isso implica em garantir, pelo menos, condições iniciais básicas para a execução dessa modalidade de ensino: aspectos técnicos, formação dos servidores para atuarem na modalidade de educação a distância, avaliação de utilização das plataformas online e qualidade e universalização de acesso à internet de toda a comunidade acadêmica.
A possibilidade de utilização de recursos da Educação a Distância (EaD) foi discutida pelos gestores da Unemat dos 13 campus, em reunião realizada na última quinta-feira (02/04), por vídeo conferência.
Condições técnicas
Embora a Unemat já atue com o Ensino a Distância há mais de duas décadas, os cursos oferecidos nesta modalidade são planejados especificamente para serem executados em plataforma digital. Não é possível simplesmente transpor para EaD um ensino superior presencial sem a preocupação com a manutenção da qualidade, de um planejamento de toda a rede de oferta de EaD e das condições de operacionalização do sistema.
Formação
Para se beneficiarem dos recursos digitais online, professores e estudantes do ensino presencial precisam de uma formação/certificação de como utilizar as plataformas e ferramentas para a organização de salas, aulas e atividades virtuais.
“A Educação a Distância (EaD) requer muito planejamento, organização, plano de aula detalhado, edição de aulas e definição de como acompanhar os alunos nas atividades. Nesse sentido, estamos construindo cursos de formação, que irão certificar docentes para que possam atuar nessa modalidade de ensino”, explicou a vice-reitora, Nilce Maria da Silva, uma das idealizadoras do Ensino a Distância na Unemat.
Acesso à internet
Outro desafio é a potencial exclusão dos estudantes de cursos presenciais que não conseguirão acompanhar as atividades oferecidas de forma remota. Isso poderá acarretar trancamentos de matrículas, reprovações e abandono de cursos.
O reitor destaca que “existem estudantes da Unemat que não possuem computador em casa, embora tenham acesso à internet por meio de smartphones. Mas sabemos que celulares não substituem computadores para os complexos fins de leitura e escrita acadêmica”.
Nesse sentido, a Universidade fará um mapeamento junto aos seus alunos para traçar os hábitos de uso e capacidade de acesso a computador, internet de qualidade, assim como condições ambientais adequadas para o estudo.