Trabalhadores dos Correios em Mato Grosso entram em greve a partir do dia 18

Fonte: CenárioMT / Fátima Lessa

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Os trabalhadores nos Correios em Mato Grosso, decidiram aderir à mobilização nacional e entram em greve por tempo indeterminado, a partir do dia 18. A decisão foi tomada em assembléia geral realizada no dia 30 de julho.

A greve é uma deliberação da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores nos Correios por causa da insistência da presidência da ECT em defender a venda da empresa, retirar direitos e não realizar concurso.

Na pauta dos trabalhadores constam três pontos: contra a venda da ECT; por realização de concurso (o último foi em 2011) e pela manutenção de direitos assegurados no Acordo do Trabalho 2019/2021 que ainda está em vigência.

Alguns devem se perguntar: porque uma greve em plena pandemia?

Na verdade, segundo Alexandre Aragão, diretor do Sindicato, os trabalhadores não querem greve, “a greve é o último recurso para impedir a venda da ECT, por realização de concurso e para garantir direitos, dos trabalhadores, que estão ameaçados”.

Segundo ele a diretoria da ECT quer eliminar 70 das 79 cláusulas do Acordo, ainda em vigência, assinado com intermediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST) no Dissidio Coletivo instaurado a pedido da própria ECT em 2019.

Aragão avalia que o único objetivo da ECT é acabar “com direitos conquistados ao longo dos anos, com uma canetada já a partir de 1º de agosto; sucatear a empresa cada vez mais. “A diretoria da empresa não admite que os trabalhadores tenham direito e quer sucatear a empresa para vender a preço de banana”.

Campanha contra os trabalhadores

De acordo com as lideranças sindicais, para tentar vencer esta luta de derrubar direitos, a diretoria dos Correios tem promovido uma campanha maldosa, através da mídia, contra os trabalhadores alegando dentre outros pontos que vai retirar “supostos privilégios dos trabalhadores”.

Na opinião do Aragão, a campanha tem objetivos bem claros: expor de maneira imprudente os trabalhadores dos Correios e colocar a opinião pública contra eles.

“Os trabalhadores não tem privilégio, os trabalhadores tem direitos conquistados com muita luta, suor e sangue”, afirmou Aragão acrescentando que “a presidência da ECT faz esse discurso de desmerecer os trabalhadores para ganhar a simpatia da sociedade.

Segundo ele, com a retirada dos direitos, só vai restar o salário-base que é de 1.700,00”.

Os privilegiados

Segundo Sintect-MT, entre todas as estatais, os trabalhadores dos Correios são os que têm os menores salários com o início de carreira de R$ 1.700. O que pesa no financeiro da empresa são salários pagos para os diretores que ocupam cargos por indicação politica.

Para se ter uma ideia, apenas com o presidente Floriano Peixoto a empresa tem o custo anual de R$ 1.128 milhão (salário, auxilio moradia, gratificação natalina, gratificação de férias, plano de saúde, previdência complementar etc). O custo anual do empregado de carreira aos cofres públicos R$ 41 mil/ano somando os encargos.

Direitos ameaçados

Sobre os cortes previstos, o Sintect-MT disse que estão: o adicional de férias; o tíquete alimentação; redução da licença maternidade que é de 180 dias (seis meses), passaria para 120 (quatro meses); redução no adicional noturno de 60% para 20%; pagamento de multas dos funcionários e o vale cultura e a indenização por morte ou invalidez.

Segundo o Sindicato os cortes vão atingir também direitos definidos nas cláusulas que tratam do assédio sexual e moral dentro da empresa; da promoção da equidade racial e enfrentamento ao racismo; valorização da diversidade humana e respeito às diferenças; enfrentamento à violência à mulher, da comissão interna de prevenção de acidente (CIPA), as horas extras, auxilio para dependentes com deficiência etc.

Para os diretores, chamar negociação num momento tão conturbado devido à pandemia, com o necessário afastamento social e o impedimento à aglomeração e assembleias, indica “uma tentativa de se aproveitar da situação para tentar impor (como faz todos os anos) retrocessos nos direitos da categoria”.

Déficit de trabalhadores

Sobre a reivindicação da realização de concurso na ECT, o Sintect-MT explica que visa suprir o déficit muito grande de trabalhadores. O último concurso foi em 2011. De lá para cá só acontecem demissões enquanto aumenta a demanda pelos serviços da empresa. “Para se ter uma ideia, em Mato Grosso eram 1.700 trabalhadores e hoje só 1.200; a nível nacional eram 140 mil e hoje apenas 100 mil”, informou Aragão.

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