As variações climáticas extremas vêm representando um grande desafio para os agricultores brasileiros, que enfrentam condições meteorológicas adversas em todo o país. Em algumas regiões, como o Centro-Oeste, as altas temperaturas e a escassez de chuva têm sido motivo de preocupação, enquanto no Sul e Sudeste as previsões apontam para temporais, granizo e ventos fortes, ameaçando as plantações.
Em Paranatinga, o 15º maior produtor de Mato Grosso, as temperaturas elevadas têm chamado a atenção, chegando a atingir surpreendentes 67°C no solo. Isso gera apreensão para aqueles que já plantaram suas safras e podem ter que replantá-las. Enquanto isso, os agricultores que ainda não iniciaram o plantio temem pela qualidade das sementes armazenadas e pela segunda safra de milho, cuja janela de plantio está se estreitando no município.
Rubilar Pedro Filho, um agricultor da região, plantou sua safra no início de outubro e já enfrentou 20 dias de seca. Ele estima que terá que replantar cerca de 10% dos 600 hectares destinados à produção de soja nesta safra.
“A nossa propriedade tem enfrentado temperaturas constantes acima dos 40°C, chegando a 42°C. As poucas plantas que emergiram estão claramente sofrendo; é evidente que estão em um estado crítico, e a maioria das sementes não teve umidade suficiente para germinar, encontrando-se enterradas no solo”, descreve Rubilar.
Sua expectativa inicial era de uma produtividade superior a 65 sacas por hectare. No entanto, diante das condições adversas, a viabilidade do milho na safra está comprometida. A prioridade agora é obter o melhor resultado possível com a safra de soja e, em seguida, considerar culturas de safrinha com menor risco.
Em outra propriedade da região, uma área extensa de 2,4 mil hectares foi destinada ao cultivo da soja. No entanto, nos 700 hectares já plantados, a falta de umidade do solo prejudicou o crescimento das plantas em fase de germinação e das recém-emergidas. Bruno Pierdona, um agricultor da área, destaca que, em um período de 18 dias, as chuvas não ultrapassaram 100 milímetros, o que provavelmente resultará no replantio de toda a área.
“A safra está se tornando extremamente desafiadora. O risco é significativamente elevado, o que significa que o lucro é muito escasso em comparação com o investimento. O risco é altíssimo”, observa Bruno.
Essa disparidade entre a seca no Centro-Oeste e as intensas chuvas no Sul destaca a complexidade do clima brasileiro e os desafios que os agricultores enfrentam em diferentes regiões do país.
A agricultura brasileira
O Brasil se destaca como um dos principais produtores de alimentos no mundo, com um potencial que o coloca na posição de possível maior produtor global. Esse sucesso se deve, em parte, aos diversos recursos à disposição, especialmente as condições climáticas favoráveis que promovem uma produção agrícola abundante.
Além do clima propício, o Brasil conta com recursos hídricos em grande quantidade e vastas áreas agricultáveis. Surpreendentemente, apenas 7,8% dessas áreas estão atualmente em uso, deixando 25,6% da terra em propriedades rurais preservadas.
Outro fator importante é o contínuo investimento em tecnologia, que contribui para um aumento significativo na produtividade. Isso permite que o setor agrícola brasileiro opere de maneira eficiente e, ao mesmo tempo, adote práticas conscientes, promovendo um equilíbrio sustentável entre a produção e a preservação ambiental.
