Receber o medicamento em casa, principalmente durante a pandemia é um dos motivos que torna o dia-a-dia da dona Luzia Aparecida Silva, mais leve. Dona Luzia fará 65 anos em setembro, ela reside sozinha. Há muito tempo luta contra hipertensão arterial, além de enfrentar sequelas de uma poliomielite – o que comprometeu a mobilidade e também de um AVC (acidente vascular cerebral), situações que complicam o deslocamento dela e que dificultavam a retirada dos medicamentos nas farmácias cidadãs.
Há dois anos, tudo se tornou mais fácil e dona Luzia explica o porquê: “passei a receber o remédio na porta da minha casa, entregue com todo cuidado e carinho!”
Hoje dona Luzia mora na Área Central, antes disso ela residia no Mário Raiter. “O entregador ia até lá, conversava comigo, pedia como eu estava de saúde. Quando mudei para o Centro, fiquei com medo dele não vir mais e, ele me disse atencioso ‘fica tranquila que vou ir’ e tem vindo certinho”, conta. “Para mim, que estou isolada devido à pandemia, receber a medicação em casa e entregue por uma pessoa tão atenciosa, educada, é um motivo de alegria. Antes eu precisava pagar táxi ou depender do favor de alguém para retirar”, relata. Dona Luzia já foi imunizada “mas vou me manter quietinha até os casos baixarem; recebendo o medicamento em casa, não preciso nem sair”, comemora.
“Eu mudei para cá em 2015; desde então sou atendida na rede pública e só tenho elogios. Antes morava em São Paulo, sempre tive que comprar a medicação. Receber remédio em casa?! Eu nunca tinha sonhado com isso”, acrescenta.
Assim como dona Luzia, outros 449 (são 450 no total) pacientes sorrisenses recebem o medicamento em casa. Eles estão ativos no Programa Remédio em Casa que garante a entrega domiciliar de medicamentos de atenção básica, padronizados na rede pública de saúde do Município de Sorriso, de uso contínuo para usuários do SUS que tenham algum tipo de dificuldade para acessar as Farmácias Cidadãs.
Só neste ano (2021), foram realizadas 2.554 entregas com o investimento de R$ 33.300,43 de recursos próprios municipais. E em cada entrega a recomendação é realizar uma abordagem humanizada, passando todas as orientações necessárias para que o paciente possa dar continuidade ao tratamento.
Hoje o programa atende pacientes com diabetes/hipertensão acima de 60 anos e usuários de pelo menos um medicamento de uso contínuo que integre o programa; além de atender também pessoas com dificuldades de locomoção e ou que apresentam restrições como (a) restrição ao leito; (b) dificuldade física de locomoção; (c) deficiência física, síndrome de imobilidade e/ou uso de prótese e/ou órtese que exija acompanhante; (d) déficit cognitivo que exija cuidador.
A coordenadora de Assistência Farmacêutica, Priscilla Diel Bobrzyk, explica que a inclusão do usuário no programa é realizada pela Unidade de Saúde em que ele é atendido. Para isso, basta que o paciente ou familiar procure o enfermeiro da unidade ou o agente comunitário de saúde da área em que reside.
“A partir da inclusão no programa, mensalmente o paciente recebe o medicamento e assina o comprovante. O entregador conversa, afere a pressão quando é necessário e nos traz as informações individualizadas de cada paciente. É um excelente canal de comunicação”, diz. “O programa tem um impacto positivo na vida desses pacientes; o tratamento contínuo reduz o risco de eventos cardiovasculares e traz a comodidade de receber o medicamento em casa”, finaliza Priscilla.