Titular da Secretaria de Esporte e Lazer (Semel), Emílio Brandão Júnior tem 46 anos, 96 kg, e em maio deste ano quase foi goleado pela Covid-19. O jogo foi duro, a prorrogação foi exaustiva, mas como a partida só acaba quando termina, o trabalho do time do Hospital Municipal de Campanha, com passes acertados entre médicos, enfermeiros, e demais integrantes da equipe, garantiu uma vitória maiúscula.
O pior já passou. A gratidão pela vida e a certeza de que cada dia é uma nova oportunidade fazem parte da rotina pós-Covid-19. Este “novo em cada amanhecer” para muitos curados, inclui ainda uma série de atividades extras, como a fisioterapia cardiopulmonar, por exemplo.
Para atender a esta demanda, funciona, desde o segundo semestre do ano passado, no prédio ao lado do Hospital Municipal de Campanha (HMC), o Ambulatório de Fisioterapia Cardiopulmonar, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Atualmente, quatro fisioterapeutas atendem 45 pacientes que estão se recuperando das sequelas deixadas pela Covid-19.
Júnior é um deles. Duas vezes por semana, sob o olhar atento da fisioterapeuta Ranieli Wolff Batista, ele faz exercícios para melhorar a capacidade de trabalho do coração, do pulmão e músculos.
O secretário de Saúde e Saneamento de Sorriso (Semsas), Luis Fábio Marchioro, aponta que o Ambulatório centraliza o atendimento de pacientes encaminhados pelo HMC, pela UPA Sara Akemi e também pelo Hospital Regional de Sorriso. “A função respiratória é certamente uma das mais comprometidas nos pacientes graves de Covid-19, e este processo de recuperação é lento e gradual, por isso, o avanço de cada paciente é momento de muita celebração para toda a equipe de profissionais”, destaca.
Como paciente, Júnior sabe o quanto este “step by step” exige paciência e muito empenho. “Nos primeiros dias depois da Covid, sofri com muitas dores no corpo, dificuldades para respirar e falar, e, ao longo do tempo, venho melhorando gradativamente”, revela, reforçando que a fisioterapia é indispensável para “inspirar”, “expirar” sem “pirar” com a terrível sensação de não sentir o “ar”.
A fisioterapeuta Mari Lucia Mousinho da Silva, que também atende no Ambulatório, reforça que é assim aos pouquinhos mesmo. “Todo atendimento é avaliado a evolução do paciente depende de cada caso, de cada situação”, comenta, informando que, em média, pacientes com sequelas mais leves geralmente recebem alta com dez sessões. Já aqueles acometidos com mais gravidade podem ficar de seis a oito semanas em tratamento. “Nos casos mais críticos, intensificamos o processo, com sessões de segunda à sexta-feira, quando possível, e, conforme o paciente apresenta, melhora vamos diminuindo os dias de fisioterapia, podendo encaminhar para outros setores no Centro de Reabilitação Renascer”, complementa.
No 440.º dia de pandemia de Covid-19 em Sorriso, já foram registrados 16.934 casos confirmados da doença. Deste universo, 16.298 configuram entre os curados, 416 ainda estão com o Sars- CoV-2 ativo no organismo e 220 não resistiram à contaminação pelo novo coronavírus.
“Com o avanço na vacinação e a sensibilização para a continuidade dos cuidados, queremos poder caminhar para o controle da Covid-19, que, ao que tudo indica, não será uma doença exterminada, mas sim controlada, assim como uma série de outras doenças que nos acompanham e exigem nossa atenção constante, como a H1N1, a febre amarela e a dengue, por exemplo”, contextualiza Luis Fábio.