No contexto da violência doméstica e intrafamiliar no Estado do Mato Grosso, chama atenção o recente episódio ocorrido em Sinop, onde agentes da Polícia Militar do Mato Grosso prenderam um jovem de 24 anos acusado de atacar o próprio irmão no interior de uma residência localizada no bairro Residencial Maripá.
Os dados regionais reforçam a gravidade do cenário: a Região Integrada de Segurança Pública (RISP) de Sinop registrou 142 homicídios em 2023 — número equivalente a mais de 15% dos 923 homicídios contabilizados no estado naquele ano. Ainda que este caso não tenha resultado em morte, traz à tona a escalada de violência entre familiares naquela localidade.
De acordo com o boletim de ocorrência, o motivo do ataque seria um “acerto de serviço” — o irmão do autor teria prestado serviço ao acusado, sem que o pagamento fosse efetuado conforme o combinado. Nesse impasse, o investigado sacou uma faca de serra e golpeou o familiar na região dos braços. A vítima foi encontrada pelos militares com os membros ensanguentados.
Vale lembrar que, além da violência letal, há no estado outra estatística relevante: entre 2022 e 2023, foram registrados 4.997 desaparecimentos em Mato Grosso. Embora esse seja um caso de agressão corporal e não de desaparecimento, o dado reforça o clima de instabilidade que marca a segurança pública local.
Análise do incidente
O fato ressalta alguns pontos estruturais importantes para compreender o fenômeno da violência doméstica e interpessoal na região. Primeiro, a utilização de arma branca — neste caso específica, uma “faca de serra” — indica que os conflitos nem sempre exigem armas de fogo para atingir altos níveis de gravidade. Segundo, o ambiente: uma casa no bairro Residencial Maripá, o que evidencia que muitos episódios violentos ocorrem no contexto domiciliar, fora do radar imediato das polícias.
Em termos legais, o autor da agressão pode responder por crime de lesão corporal sob o artigo 129 do Código Penal Brasileiro, além de eventual qualificadora se provar dolo ou uso de arma branca. A prisão em flagrante pela PM encaminha o processo para a delegacia municipal, onde serão adotadas as medidas cabíveis.
Finalmente, sob a perspectiva preventiva, cabe observar que este é o terceiro caso envolvendo agressão de irmão contra irmão na jurisdição da RISP de Sinop somente neste semestre — o que sugere uma tendência ascendente de conflitos domésticos envolvendo parentes próximos, ainda que não haja estatística oficial divulgada com esse recorte. Esse tipo de dado revela que se trata de um problema não apenas pontual, mas inserido em um contexto mais amplo de tensão social.
Para a comunidade, a mensagem é clara: quando um desentendimento financeiro se transforma em agressão física, o resultado não é apenas dor individual, mas sinal de fragilidade nos mecanismos de convivência e apoio familiar. A prisão do jovem serve como alerta para que abordagens públicas de mediação, assistência social e fiscalização das disputas informais sejam reforçadas.
Informações finais: a equipe policial conduziu o agressor à delegacia, e aguarda-se confirmação sobre o atendimento médico da vítima. Segundo a ocorrência registrada pela PM, a investigação seguirá para apurar motivação, relação entre os envolvidos e eventual reincidência.
Fonte primária: boletim de ocorrência da PMMT, conforme divulgado pela corporação.
Orientação à população: Em casos de agressão doméstica ou familiar, a vítima ou testemunha deve acionar o número 190 da PM ou comparecer à delegacia mais próxima. Para dúvidas jurídicas quanto aos direitos da vítima ou acompanhamento do processo, recomenda-se procurar gratuitamente a unidade da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso.

















