Um dado alarmante revela a face oculta da violência em Mato Grosso: os próprios policiais estão sofrendo com as consequências do trabalho. Um levantamento da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) mostra que os servidores da Segurança Pública estão entre os que mais solicitam licenças médicas, com destaque para problemas de saúde mental como ansiedade, depressão e ataques de pânico.
O Ouvidor-Geral de Polícia, Teobaldo Witter, alerta para a gravidade da situação. Segundo ele, os policiais estão sobrecarregados e vivenciam uma grande tensão devido ao aumento da violência no estado.
“Os dados estão subnotificados”, afirma Witter. “A gente tem as licenças médicas, os suicídios, a violência policial, mas o estado não está dando conta de tratar esse assunto.”
A cultura organizacional também é apontada como um obstáculo.
“Há um senso comum na tropa de que problemas com saúde mental são fraquezas”, explica Witter. “Eles não querem falar porque não querem parecer fracos. É uma questão da própria cultura, mas também da exigência que se impõe no trabalho.”
Para o ouvidor, uma das soluções seria o aumento do efetivo policial, através de concursos públicos. Além disso, ele defende a realização de um estudo para identificar as principais causas das urgências médicas entre os servidores da segurança pública.
“A Sesp precisa promover debates e estudos sobre a saúde mental na segurança pública e ampliar as equipes de atendimento psicossocial em todas as regiões”, destaca Witter.
A crise na saúde mental dos policiais é um problema que precisa ser enfrentado com urgência. O bem-estar dos servidores é fundamental para garantir a segurança da população e a eficiência das ações policiais. O estado de Mato Grosso precisa investir em políticas públicas que promovam a saúde mental dos seus servidores, oferecendo suporte psicológico e programas de prevenção.