As aulas na rede estadual de ensino de Mato Grosso serão retomadas no dia 8 de fevereiro. Entretanto, a modalidade ainda não está definida. O secretário de Estado de Educação, Alan Porto destaca uma preocupação muito grande com os profissionais e com os estudantes devido ao crescimento dos casos de Covid-19 nos últimos dias e, consequentemente, uma demanda maior por leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
Uma reunião ampliada foi realizada na manhã desta quinta-feira (14) na Seduc para discutir justamente se os estudantes devem voltar no sistema híbrido (50% dos alunos na sala de aula) ou na modalidade não presencial (on-line e off-line).
De acordo com os dados apresentados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), Mato Grosso registrou mais de 4,6 mil casos de Covid-19 somente neste ano, com aumento também em internações em hospitais das redes pública e privada. A taxa de ocupação de leitos de UTI estava em 66,75% na manhã desta quinta-feira. Os números da SES revelam ainda que, dos 194 mil casos do novo coronavírus, 11.595 são de pessoas com até 17 anos, ou seja, na faixa etária escolar.
Secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo disse que não considera este momento seguro para o retorno às salas de aula. Enfatizou que dentro de 15 dias Mato Grosso não deve ter mais leitos de UTI disponíveis. “Essa volta com segurança deve estar alicerçada na redução substancial de casos de Covid-19”.
Decisão
Nesta sexta-feira (15), os secretários de Educação e de Saúde vão se reunir com o governador Mauro Mendes. Serão apresentados ao governador o resultado das enquetes feitas com pais, profissionais da educação e com os estudantes, além do posicionamento de representantes de várias entidades que participaram do debate nesta quinta-feira.
O secretário Alan Porto enfatizou que as escolas estão preparadas para a retomada das aulas no dia 8 de fevereiro, seja qual for o modelo definido. “O objetivo desta reunião de hoje foi ampliar o diálogo, ouvir os envolvidos neste processo, principalmente ouvir os especialistas de saúde. Estamos muito preocupados com o atual cenário da pandemia”.
Destacou que desde o início do ano os dados da pandemia são acompanhados pela Seduc, junto aos técnicos da SES. “Sempre deixei muito claro que estamos de olho nos números e que a decisão sobre o retorno às salas de aula seria tomada da forma mais responsável possível”, completou Alan.
Presidente do Sindicado dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), Valdeir Pereira enfatizou a importância da abertura do diálogo feito pelo governo, por meio da Seduc, e defendeu que é “temerário” retomar as aulas presenciais neste momento.
Da Assembleia Legislativa, compareceram os deputados estaduais Wilson Santos e Valdir Barranco, que também defenderam que o ensino seja retomado de forma remota, assim como o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Neurilan Fraga.
O promotor de Justiça Miguel Slhessarenko sugeriu que um novo debate seja marcado para o final de fevereiro ou início de março, para que os dados e a possibilidade do retorno na forma híbrida sejam reavaliados. Lembrou que as escolas estão fechadas há muito tempo e enfatizou que o debate é sempre muito profícuo.
“O quadro que estamos passando, infelizmente, já antecipa a impossibilidade de retorno neste mês de fevereiro, até porque em fevereiro já tem aquele grande feriado do carnaval. Talvez não tenham atividades, mas pode ser que ocorram algumas aglomerações”, disse.
O encontro teve a presença ainda de representantes do Fórum Estadual de Educação, União dos Dirigentes Municipais de Educação de Mato Grosso (Undime), União Estadual dos Estudantes (UEE) e de sindicatos ligados à educação.
Alan Porto finalizou afirmando que manterá o diálogo aberto com toda a sociedade. “A educação se faz com comunidade, com escola, com a Seduc, com a sociedade organizada”.