Com intuito de garantir mais segurança aos profissionais e alunos da rede pública de ensino, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso recebeu na manhã de ontem (17), o secretário de Estado de Educação, Alan Porto, para discutir sobre as medidas que já estão sendo tomadas e outras alternativas para o retorno das aulas presenciais. A principal preocupação é com os surtos de covid em escolas estaduais, após o retorno das aulas presenciais no início do mês.
A oitiva foi proposta pelo deputado estadual Lúdio Cabral (PT) e também teve como convidado o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Mato Grosso (Sintep/MT), Valdeir Pereira. Participaram ainda o presidente da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa, deputado Wilson Santos (PSDB), e os parlamentares Delegado Claudinei (PSL), João Batista do Sindispen (Pros) e Xuxu Dal Molin (PSC).
Alan Porto falou sobre as medidas de segurança implantadas e defendeu que as escolas estão prontas para o retorno às aulas presenciais. Ele propôs ainda visitas às unidades de ensino para constatar as adequações e o funcionamento das medidas de biossegurança para a retomada gradativa das atividades presenciais. “Desde o ano passado, o Estado está trabalhando e investindo para que isso ocorra de forma segura. São mais de nove meses equipando e preparando as escolas e os profissionais para a retomada das atividades presenciais”, defendeu.
Segundo ele, existe ainda um trabalho em conjunto com a Secretaria de Estado de Saúde para monitorar e orientar as ações nas unidades que notificarem casos de contaminação. E que o índice de notificações de casos positivos de covid-19 relatadas pelo sistema IndicaSUS, desde o dia 3 de agosto, quando gradativamente foi iniciado o retorno híbrido, é considerado baixo se avaliado o número total da comunidade escolar. Ao todo são 64 casos entre os mais de 27 mil profissionais da educação e 39 casos entre os mais de 393 mil estudantes.
Para o deputado Lúdio Cabral os números compõem um quadro mais preocupante e retratam ainda o alto índice de disseminação do vírus no estado. Ele alerta para risco do aumento exponencial dos casos nas escolas caso não sejam adotadas outras medidas de segurança como a flexibilização do estado para que as escolas tenham autonomia de avaliar a adoção do sistema híbrido ou a manutenção do ensino remoto, de acordo com a realidade de enfrentamento à pandemia em cada região.
“É preciso considerar os números alarmantes de Mato Grosso que ainda configura como o estado com maior índice de mortes por covid -19 no Brasil. O segundo em incidência de novos casos relatados na última semana e o 22º em imunização”, alerta. Ele destaca ainda o alto índice diário de notificações de novos casos, que apresenta uma média diária atual de 200 novos infectados.
O parlamentar apresentou diversos relatos de profissionais da educação que denunciam a falta de estrutura e o descumprimento quanto aos protocolos de segurança em diversas unidades escolares. São inúmeros os depoimentos que recebemos de pessoas que denunciam falta de material de higiene e o não cumprimento correto dos prazos de isolamento e quarentena para os casos confirmados ou suspeitos. Isso é muito grave”, afirmou.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Mato Grosso (Sintep/MT), Valdeir Pereira, criticou o Poder Executivo quanto à falta de segurança para a reabertura das escolas e o descaso com a estrutura para atender aos alunos, cujas famílias optaram por manter o sistema remoto. “Além de tudo isso, ainda enfrentamos uma falta de diálogo com secretaria, que não tem mostrado abertura para manter a tradição de realizar reuniões periódicas com os diretores do Sintep, como ocorria em administrações anteriores”, afirmou.
O presidente da comissão de educação da ALMT, deputado Wilson Santos (PSDB), defendeu a volta do sistema presencial, mas pediu que o Estado avalie autorizar a vacinação da segunda dose para os professores, como já ocorre em outros estados e também municípios de Mato Grosso.
Lúdio Cabral conclui a oitiva solicitando que a Seduc considere aguardar mais seis ou oito semanas até completar a imunização dos profissionais da educação e a vacinação avançar mais entre a população em geral. Também sugeriu que com a abertura aumente a testagem nas escolas e a fiscalização para o cumprimento das medidas e das adequações com garantia de estrutura de ventilação externa, distanciamento físico e higiene, além da distribuição para os profissionais da máscara PFF2.