Mato Grosso explora apenas 0,3% do potencial apícola que possui. Mesmo com uma vegetação formada por três biomas (Cerrado, Amazônia e Pantanal), rica em espécies que contribuem de forma direta na apicultura, o Estado apresenta sérios entraves ligados à falta de políticas públicas e econômica, que impedem a expansão da apicultura.
Com o propósito de fazer com que Mato Grosso melhore a atividade apícola e, consequentemente, a atual colocação na produção de mel do país, saindo do atual 13º lugar, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), prepara a criação de uma câmara setorial de apicultura no âmbito do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS). Voltada para o melhoramento do mel, e expectativa do aumento de renda e geração de empregos no setor, a câmara setorial está em fase de criação entre o governo e integrantes do segmento.
Segundo o secretário de Estado de Agricultura Familiar, Silvano Amaral, entre as ações a serem desenvolvidas a curto prazo que beneficiam a atividade apícola está a doação de caixas de colmeias construídas com madeira apreendida em operações de fiscalização e ainda o destravamento do licenciamento ambiental da atividade, com uma articulação junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). “Essas duas ações já estão em processo de finalização, o que, ao ser efetivada, será de grande ajuda ao setor”.
Com uma produção anual de 480 toneladas de mel, o Estado, segundo o representante da Federação das Entidades Apícolas de Mato Grosso (Feapismat), Beno Kaiser, tem capacidade de dobrar a atual produção ao colocar em prática as ações previstas na câmara setorial.
“O mel que produz em Mato Grosso vende todo. Não conseguimos abastecer o mercado interno, que acaba sendo invadido por produtores de outros estados. Temos condições não só de atender nosso consumo estadual, como exportar. Mas para isso, os apicultores e o governo precisam andar juntos para o melhoramento e expansão do que produzimos”.
Ele acrescenta ainda que para alcançar novos mercados e expandir o próprio negócio é necessário também que o apicultor tenha acesso a linhas de crédito facilitado.
Visão de mercado
A cultura do mel é uma das atividades de alta rentabilidade. Por colmeia é possível produzir em média 50 kg de mel, em um período de um ano. Vendendo a R$ 12 o quilo no atacado, o produtor obtém de retorno financeiro de R$ 600.
Os custos de produção, segundo o representante da Associação dos Apicultores do Alto Pantanal (Apialpa), André Ovelar, chegam em média a R$ 5 por quilo de mel ou 40% da rentabilidade. No varejo, o preço do mel chega a R$ 30 por quilo.
“Nosso Estado tem altíssimo potencial de produção, mas o que produzimos hoje não dá para abastecer nem uma escola se o mel for incluso na merenda. Precisamos não só organizar o setor como também aumentar a produção”, acrescenta Ovelar.