O cenário acadêmico em Mato Grosso registrou mudanças significativas no mais recente Ranking Universitário Folha (RUF). A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) experimentou uma queda de quatro posições, passando da 33ª posição, em 2019, para a 37ª neste ano.
Por outro lado, a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) alcançou uma ascensão notável, subindo 13 posições ao pular da 121ª para a 108ª colocação ao longo dos últimos quatro anos.
A terceira instituição de ensino superior do estado melhor posicionada no RUF é a Universidade de Cuiabá (Unic), que avançou quatro posições, saindo da 149ª para a 145ª posição.
Destaque para a Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), que, apesar de ser uma estreante no RUF, foi desmembrada da UFMT em 2018. A instituição federal figura na 202ª posição, de um total de 203 instituições avaliadas.
O levantamento, conduzido pelo jornal Folha de S. Paulo, considera critérios como a produção acadêmica, baseada em periódicos científicos e patentes, informações do Ministério da Educação (MEC), agências estaduais e federais de fomento à pesquisa, além de pesquisas de opinião nacionais realizadas pelo instituto Datafolha. Essa análise abrangente proporciona uma visão abalizada do desempenho das instituições de ensino superior e de seus principais cursos no panorama educacional brasileiro.
História da Universidade Federal de Mato Grosso
A Universidade que hoje possui grandes edificações e diversos espaços de interação social – em Cuiabá, em Barra do Garças, no Pontal do Araguaia, em Sinop e, em breve, em Várzea Grande – teve um começo bastante singelo, mas, nem por isso, pouco significativo.
Um ano antes de sua criação, Cuiabá recebeu Ernesto Geisel, primeira e única vez que um presidente da República visitou a Instituição. Em um espaço ainda em construção, sem auditórios ou anfiteatros, a recepção se deu em uma sala de aula.
O chefe de Estado sentou-se em uma carteira escolar e ouviu do futuro reitor, professor Gabriel Novis Neves, que discorreu por cerca de duas horas sobre as intenções de preservação da cultura e formação de profissionais para a região, atuando como uma agência de desenvolvimento de Mato Grosso.
A história da Universidade Federal de Mato Grosso é muito mais que um acaso ou uma consequência. É a saga de lutas que uniram classes sociais e socioculturais e que se entrelaça à história de Mato Grosso, culminando em 10 de dezembro de 1970, com a vitória de um sonho. Os cuiabanos foram para as ruas e brigaram, primeiro, para conquistar a Instituição de Ensino Superior, que, com muito orgulho, leva o nome de Mato Grosso e hoje é a mais abrangente do estado, atuando no ensino presencial e na educação a distância; depois, para que sua sede fosse construída em Cuiabá, e não em Campo Grande. Com a notícia confirmada, em 1969, de que a cidade vencera, o povo novamente foi às ruas, mas desta vez para comemorar.
A escolha em desenvolver pesquisas junto à realidade Amazônica rendeu o apelido de Universidade da Selva, ou Uniselva, e marcou o compromisso da Instituição com a regionalização. A filosofia era valorizar a sabedoria popular que no final das contas foi o que tornou a Universidade o que é hoje. Com a oferta de ensino superior no estado, os jovens poderiam fazer seus estudos sem a necessidade de ir até São Paulo.
Além do mais, muitos dos que iam não voltavam, acabavam ficando por lá, apanhados pela promessa de ofertas de empregos e maiores oportunidades. Com a criação da UFMT, a intenção era formar esses profissionais para atender as necessidades da região preservando sua cultura, desenvolver o estado por meio da educação regionalizada.
Se hoje uma carreira acadêmica exige dos interessados curso de pós-graduação, naquele período as práticas eram diferentes e culturalmente a experiência contava mais que a titularidade, o binômio aparece invertido e a ordem ensino e pesquisa tiveram seus lugares trocados. Nesse cenário surgiu o projeto Cidade Laboratório de Humboldt em Aripuanã, que absorvia os conhecimentos sobre a região amazônica para depois levá-los para o ensino em sala de aula. O objetivo era desenvolver uma ciência que respeite o meio ambiente e as etnias que formavam o estado. Devido à localização privilegiada, no centro geodésico da América do Sul, buscava, também, um sistema de intercâmbio cultural, com a participação de cientistas estrangeiros, entre países da mesma conformação fisiográfica. Com apenas cinco anos, esse foi o mais audacioso projeto de interiorização da Instituição.