A aquisição de um trator multiuso está aumentando a área de cultivo de cana de açúcar na Comunidade Quilombola de Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento, em Mato Grosso. Em alguns quintais, a produção da safra deste ano irá dobrar em relação ao ano passado. O trator faz parte do projeto Muxirum Quilombola, que é financiado pelo Programa REM Mato Grosso.
“Vamos dizer que aumentou o cultivo em 100%. Porque quem cultivava um ou dois hectares de cana, hoje está em quatro, cinco hectares. Só para se ter uma ideia, para a safra deste ano, tem quintal que vai aumentar de 500 feixes para mais de 1.200 feixes de cana de açúcar, em relação à safra do ano passado. Cada feixe vem com 15 troncos de cana”, destaca Oildo Ferreira, uma das lideranças de Mata Cavalo, ao acrescentar que o aumento no cultivo se traduz em mais geração de renda às famílias locais.
Ele acrescenta ainda que, além do plantio da cana de açúcar, o implemento tem ajudado a aumentar a produção em Mata Cavalo, nas culturas de mandioca, milho, arroz, abóbora, cará, quiabo e maxixe.
O trator é equipado com estrutura de grade niveladora e uma caçamba, além de pá carregadeira. Um dos responsáveis pela manutenção do veículo é João Pedro da Silva. Com 67 anos de idade, ele é um dos anciãos da comunidade.
“Eu faço alguns ajustes mínimos: verificar o óleo, a limpeza, aperto alguns parafusos. A gente faz tudo com esse trator, até nivelar as estradas de chão da comunidade, por exemplo”, conta João.
Para toda comunidade
Oildo ressalta que o trator está disponível para toda comunidade, atendendo mais de 40 quintais de cultivos tradicionais.
“Temos um caderninho onde anotamos os pedidos. Por exemplo, se uma pessoa quer limpar ou gradear sua área, é só vir até a sede de Mato Cavalo e agendar. Aí no dia combinado, o trator é disponibilizado para fazer o serviço”, explica a liderança.
Projeto amplo
O trator multiuso é apenas um dos aspectos do projeto Muxirum, que visa potencializar a agricultura tradicional dos quilombolas de Mata Cavalo.
Entre outras coisas, o projeto também prevê uma fábrica de beneficiamento comunitário, que irá possibilitar a produção escalonada de itens como: a banana fatiada, o óleo de babaçu e a farinha de bocaiúva.
Mata Cavalo, por sinal, é apenas uma das comunidades visadas pelo Muxirum, que, ao todo, pretende beneficiar mais de 500 famílias quilombolas da Baixada Cuiabana (Livramento e Poconé), do Médio-norte (Barra do Bugres) e Sudoeste do Estado (Cáceres).
“O objetivo maior do Muxirum é o fortalecimento das atividades econômicas, produtivas e comerciais dos produtos quilombolas, a partir do manejo sustentável da biodiversidade e a valorização social e cultural das comunidades inseridas no projeto”, destaca Laura Ferreira, a coordenadora do Muxirum.
Investimentos
Ao todo, o Programa REM MT investe no Muxirum R$ 1,5 milhão, para colocar as diferentes atividades do projeto em prática. Os recursos são administrados pelo Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio), que é o gestor financeiro do REM MT.
O projeto faz parte da Chamada de Projetos 03.2020 do Subprograma de Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Traicionais da AFPCTs, que atualmente financia 22 projetos que atuam nos três biomas de Mato Grosso (Amazônia, Cerrado e Pantanal), e que são focados na preservação ambiental, transformação social e geração de renda das famílias.