A ressocialização de detentos em Mato Grosso está sendo vista como uma ferramenta vital para reduzir a violência, diminuir a reincidência criminal e impulsionar a industrialização do estado, especificamente através da criação de um polo têxtil. Nesta quinta-feira (6), o Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) sediou um debate sobre estratégias para utilizar a mão de obra do sistema prisional nesse processo.
Representantes dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e do setor produtivo se reuniram e decidiram formar uma comissão para garantir o avanço dessa proposta. Além disso, um novo encontro será agendado para apresentar a iniciativa ao governador Mauro Mendes.
O presidente do TCE-MT, conselheiro Sérgio Ricardo, destacou que projetos estaduais existentes, como a produção de concreto e a confecção de uniformes, já têm mostrado resultados positivos. O desembargador Orlando Perri, idealizador da ação, ressaltou que a maior parte dos 12.716 presos do estado não tem acesso a educação ou trabalho. Ele enfatizou que a ressocialização é crucial para resolver problemas de violência e gerar economia para os cofres públicos.
Perri, supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Penitenciário e Socioeducativo de Mato Grosso (GMF/MT), explicou que a proposta incluiria a avaliação dos presos durante a audiência de custódia, direcionando-os à Central de Alternativas Penais para qualificação e inserção no mercado de trabalho.
O juiz Geraldo Fidélis, da Segunda Vara Criminal de Cuiabá, destacou a importância e o pioneirismo do debate, que contou com representantes de diversas áreas. Ele ressaltou que a abordagem colaborativa é essencial para alcançar objetivos comuns.
Alan Porto, secretário de Estado de Educação (Seduc), reforçou a importância econômica da proposta. Ele mencionou que a determinação do governador é ampliar a utilização da mão de obra prisional para reduzir custos e distribuir recursos de forma eficaz.
A produção de uniformes em Mato Grosso é realizada em parceria com a Fundação Nova Chance, que conecta a mão de obra das penitenciárias com empresas privadas, órgãos públicos e municípios. Beatriz Dziobat, diretora-executiva da Fundação, informou que mais de 160 empresas e 3 mil pessoas já estão envolvidas no sistema de mediação, mas ainda há um grande potencial para qualificação de mão de obra prisional.
Com essas iniciativas, Mato Grosso busca não apenas melhorar a vida dos detentos, mas também fortalecer a economia local através da criação de um polo têxtil robusto e sustentável.