Um levantamento inédito realizado pelo Comitê de Análise dos Feminicídios do Estado de Mato Grosso trouxe à tona dados preocupantes sobre a violência contra a mulher na região. Segundo os resultados divulgados, 40% das vítimas de feminicídio no primeiro semestre de 2023 tinham menos de um ano de relacionamento com o agressor, e 70% delas deixaram filhos menores de idade, evidenciando a gravidade da situação.
Apresentado durante um evento promovido pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (Cemulher-MT), o relatório também apontou outras informações alarmantes. Por exemplo, 80% das vítimas não possuíam medida protetiva, e em 60% dos casos não havia registro de boletim de ocorrência. A maioria das vítimas (47%) estava na faixa etária entre 26 e 39 anos, e 60% delas foram identificadas como pardas.
Para coletar esses dados, uma equipe formada por assistentes sociais, psicólogas e representantes da Defensoria Pública percorreu diversos municípios de Mato Grosso, entrevistando familiares e amigos das vítimas.
A juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Correa, que integra o comitê, destacou a importância do estudo para identificar falhas no combate à violência doméstica e prevenção ao feminicídio, além de apontar áreas que necessitam de maior investimento do Poder Público.
O relatório também revelou uma lacuna preocupante no conhecimento sobre a aplicação prática da Lei Maria da Penha por parte dos familiares e amigos das vítimas de feminicídio. A assistente social Adriany Sthefany de Carvalho ressaltou a necessidade de uma escuta mais atenta por parte dos profissionais que recebem as denúncias.
A vice-presidente do TJMT, desembargadora Maria Erotides Kneip, enfatizou a importância do relatório para sensibilizar magistrados e demais operadores da lei sobre a gravidade das consequências dos feminicídios.