A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) tem sido alvo de críticas daqueles que são a favor do contingenciamento orçamentário anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Um dos argumentos utilizados por defensores é o de que as instituições não teriam comprovado o destino dos 30%. A UFMT, no entanto, publica anualmente um Relatório de Gestão e Prestação de Contas. Veja o de 2018 AQUI.
A reitora e professora, Myrian Serra acredita que há um desconhecimento por parte dessas pessoas, sobre a atual realidade das universidades federais. Em entrevista ela ainda estendeu um convite para que todos conheçam o Campus, que possui liberdade de cádetra, inclusive garantida pelo Superior Tribunal Federal (STF).
“Eu penso que boas partes dessas manifestações são de desconhecimento da realidade das universidades federais. Queria até estender um convite às pessoas, que tenham essa ideia sobre a Universidade, que venham conhecer esse espaço, onde temos arte, ensino, cultura, pesquisa, extensão gratuita, não só apenas para nossa comunidade. Aqui é um Campus de portas abertas, aonde as crianças vêm, onde tem música gratuita, tem teatro, tem cultura, onde se pode fazer piquenique, pode se relacionar com outras pessoas”, disse.
A reitora defende ainda que a Universidade é um espaço plural, sem nenhuma interferência política. Ela pontuou ainda que os “ataques” seriam resquícios da campanha de 2018. “A Universidade é esse espaço plural, tanto que aqui não há nenhuma interferência política de candidaturas. Professores, técnicos, estudantes votam em quem querer votar. Não há nenhuma ação politica institucional com relação a isso. Eu acredito que boa parte do que está acontecendo no momento ainda é resquício de campanha”.
“Tenho a compreensão que o momento político de campanha já passou. É o momento de todos governarem, país, estado, município, instituições para que as politicas aconteçam. Eu tenho a compreensão que é um desconhecimento, porque a Universidade Federal de Mato Grosso, no estado, é responsável por apenas 8% das matrículas. As instituições privadas são 80%. Boa parte da população mato-grossense desconhece a UFMT e o que ela faz”, acrescentou.
Doutrinação ideológica
Em abril deste ano, Bolsonaro publicou um vídeo no seu perfil do Twitter em que uma aluna questiona uma professora por te chamado o filósofo Olavo de Carvalho de “anta”. A estudante foi identificada como secretária-geral do PSL, em Itapeva (SP), Tamires Paula. Na filmagem, ela acusa a docente de ter dedicado 25 minutos da aula para expor “opinião política partidária”.
A reitora pontua que não acha correto o ato de filmar professores, com objetivo de difamá-los. “Eu particularmente acho que não é o correto, a não ser que professor tenha autorizado. Temos muitas situações aqui. Isso já acontecia no passado. Às vezes o estudante quer guardar, memorizar o conteúdo de uma aula, temos estudantes inclusive cegos, com deficiência. Essa metodologia já é adotada. O que temos a compreensão que é equivocada é fazer a produção de um vídeo para denegrir a imagem de um professor ou em algum momento descontextualizado da ação daquela aula. A gente tem a compreensão de que é possível um professor, um aluno fazer uma filmagem, desde que seja acordada entre as partes e, não para haver prejuízo à ação pedagógica e muito menos para usar um vídeo para denegrir a imagem de uma pessoa, uma instituição”,finalizou.