“A gente mal acredita na quantidade de projetos que estão sendo apresentados em benefícios dos povos indígenas”. A fala é do coordenador do Subprograma Territórios Indígenas (STI) do REM MT, Marcos Ferreira, reflete a surpresa das pessoas que participaram da 7ª Reunião de Governança Indígena do STI, ao se darem conta das muitas possibilidade de atuar em prol dos 43 povos indígenas vivem no Estado. O evento foi realizado de 27 a 29 de julho, na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), em Cuiabá.
“Foi uma reunião extremamente proveitosa! Para se ter uma ideia, temos projetos de brigadas indígenas, para combater incêndios florestais nos territórios que mais sofrem com as queimadas em Mato Grosso; temos as casas dos pajés, que fortalecem a medicina tradicional nas comunidades indígenas; e uma uma infinidade de projetos de roças e agroflorestais, que estão sendo implantados para garantir a segurança e a soberania alimentar dos povos indígenas de Mato Grosso. A gente mal acredita na quantidade de projetos que estão sendo apresentados em benefícios dos povos indígenas”, enfatiza Ferreira, o coordenador do STI.
Ele destaca ainda que um entendimento importante, que saiu da 7ª Governança, foi a autonomia das famílias que estão nas aldeias, no sentido delas definirem as ações prioritárias para a comunidade.
“Durante as discussões, ficou claro que o novo foco de execução dos projetos apoiados pelo REM MT tem que partir de uma demanda diretamente das aldeias e não construídas pelas lideranças durante a reunião de Governança”, disse.
Protagonismo feminino
Para Eliane Xunakalo, assessora da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), o principal destaque do encontro foi perceber o maior protagonismo de mulheres indígenas na tomada das decisões da Governança. Isso, no entendimento dela, tem relação direta com o processo de renovação do órgão, que passou, recentemente, por um processo de escolha de novos membros.
“Foi muito produtiva a 7ª Governança. Conseguimos cumprir com o cronograma e as discussões tiveram bons encaminhamentos. Também vejo como muita alegria a posse dos novos membros, principalmente a participação de mais lideranças femininas no processo. Isso significa que a gente está fazendo com que a Governança tenha rotatividade. E o melhor de tudo, com qualidade”, reforçou.
Futuro bom
Luiz Tseremeywa, presidente do Conselho Deliberativo da Fepoimt, destacou que o encontro deu uma perspectiva “de um futuro bom” da relação entre os povos indígenas e o Programa REM MT. Ele destaca que a reunião é importante para nortear as ações do Subprograma, para que ele continue cumprindo com a missão de ajudar as comunidades indígenas no fortalecimento de seus modos tradicionais de vida. “Foi um encontro produtivo, da forma como esperamos. Porque a Governança é a onde a gente debate o futuro, onde realizamos o norteamento desses programas”, destacou.
Para ele, o ponto alto do encontro foi a apresentação das organizações socioambientais, que auxiliam os povos indígenas na execução dos projetos nas aldeias. Essas organizações são chamadas de aglutinadoras e atuam em conjunto com Fepoimt.
“Com essas apresentações, nós, agora, estamos tendo a clareza para onde estão indo esses recursos oriundos do REM MT. O mundo inteiro está discutindo as mudanças climáticas e os territórios indígenas são os espaços que concentram a maior parte da área verde. Então, estamos muito contentes de sermos contemplados com esse Programa. De saber que o REM MT entende a importância de manter a floresta em pé”, ressaltou a liderança do povo Xavante.
Governança
A Governança tem como principal função garantir a participação dos povos nos processos de tomada de decisão do Subprograma STI. Nesse sentido, o REM MT busca ampliar a capacidade de incidência, além do protagonismo e autodeterminação dos povos indígenas no Estado.
Das 18 instituições que compõem a Governança, apenas a Fepoimt, as sete regionais e a Organização de Mulheres Indígenas (TAKINÁ) possuem poder de voto e deliberação no órgão. Já as demais representações, atuam no sentido de propor e assessorar as decisões dos povos indígenas.