Pulseiras vermelhas começaram a ser colocadas em pessoas com Covid-19 ou com suspeita de contaminação, em Apiacás, a 963 km de Cuiabá, na sexta-feira (9).
Depois de fazer o teste, o paciente deve assinar um termo se comprometendo a usar uma pulseira. Se o resultado for positivo, para indicar que está infectado, e precisa fazer isolamento domiciliar.
Quem for flagrado com a pulseira na rua, ou tirá-la antes de ter alta médica deve ser multado em R$ 500 e em R$ 1 mil se for reincidente.
Uma equipe de fiscalização vai até as casas dos pacientes.
As pulseiras são resistentes, mas podem ser retiradas sem muita dificuldade.
Para a medida realmente ter efeito que se espera, é preciso consciência do paciente que deve ficar isolado durante o tratamento pra não transmitir o vírus.
Para os especialistas em saúde, a pulseira não ajuda e pode ter efeito colateral. “Pode criar uma falsa sensação naqueles que não estão identificados com a pulseira de que eles podem circular normalmente porque não tem risco de transmissão”, disse a infectologista Márcia Hueb.
Para a infectologista Raquel Stuchhi, da Universidade de Campinas, a medida não é útil. “Me parece absolutamente inútil e até de certa forma, talvez, preconceituosa, porque vai identificar aquelas pessoas que têm um diagnóstico confirmado de Covid, e as outras tantas que não têm sintoma, e que não foram diagnosticadas, ou têm sintomas e não procuraram serviço para diagnóstico, ficarão ali, sem serem vistas, vamos dizer assim. Não faz nenhum sentido esse tipo de decisão”, avaliou.
Mesmo sem comprovação e aprovação científica, o prefeito do município, Júlio Cesar dos Santos, acredita que as pulseiras podem ajudar no isolamento social em Apiacás.
Ele disse que a família pegou Covid-19 e que o sogro faleceu com a doença.
“Nem os médicos tem explicação para a Covid. Quem está infectando são pessoas irresponsáveis que persistem estar andando pelo comércio. A gente vê o comércio pagando pela irresponsabilidade dessas pessoas, nós estamos com vários comércios no nosso município quebrados porque estão fechados”, disse.
Segundo o prefeito, a pulseira de identificação foi um pedido dos comerciantes porque muitas pessoas não estão levando a sério a doença e, mesmo positivadas, circulam pelo município, colocando a vida de outros moradores em risco.
O vendedor Jurandir Marcos disse que concorda com a medida. “Ninguém é obrigado a estar com paciente doente, sabendo que o cara está com a pulseira a gente já evita alguma coisa né?”, declarou.
De acordo com a lei, as pessoas em quarentena poderão sair de casa somente em caso de necessidade médica ou quando devidamente autorizadas a circular pela autoridade sanitária.