Um casal de proprietários e a gerente de uma ótica no centro de Cuiabá, Mato Grosso, foram indiciados pela Polícia Civil sob suspeita de exercício ilegal de medicina, fraude na contratação de cartões de crédito e venda casada. As investigações revelaram que o proprietário, técnico em optometria, realizava consultas oftalmológicas, configurando o exercício ilegal da medicina.
Segundo a polícia, os gestores da ótica orientavam os funcionários a fraudar o cadastro de empresas de cartão de crédito, contratando serviços em nome dos clientes sem o devido conhecimento destes. Além disso, o casal teria criado um instituto de visão, alegando oferecer consultas gratuitas para pessoas de baixa renda, mas os atendimentos eram realizados por profissionais sem a formação adequada, com o intuito de promover a venda casada de consultas com produtos da própria ótica.
Os indiciados responderão por falsidade ideológica, venda casada e crime contra as relações de consumo. No caso do exercício ilegal da medicina, as penas somadas podem chegar a 17 anos de prisão e multa, conforme informou a polícia.
Casos de fraude e práticas enganosas
A primeira vítima, um senhor de 82 anos, foi encaminhado por uma funcionária para uma consulta com o proprietário da ótica. Após a consulta, gratuita sob a condição de adquirir lentes na ótica, o idoso foi surpreendido ao receber um cartão de crédito não solicitado em sua residência, com serviços pagos de mensagens e alertas.
Ao tentar efetuar o pagamento em dinheiro pelos óculos adquiridos, a funcionária informou que o pagamento só poderia ser parcelado e após a confecção dos óculos. A vítima, ao procurar um médico oftalmologista, descobriu que não precisava de óculos de grau, mas sim de tratamento cirúrgico para cataratas.
Na investigação, foi constatado que a gerente da ótica, orientada pelos proprietários, cadastrou seu número de telefone no contrato do cartão de crédito, fotografou o idoso e realizou a contratação do cartão e dos serviços pagos sem o conhecimento e consentimento do consumidor. O caso destaca a necessidade de vigilância e proteção dos consumidores diante de práticas enganosas e fraudulentas que comprometem sua saúde e bem-estar.