Indígenas Xavantes e do Médio Araguaia estão se organizando para fortalecer a segurança alimentar nas aldeias de Mato Grosso. Esse trabalho é desenvolvido por meio de seminários de gestão territorial e depois a entrega de kits de roçados para as comunidades produzirem seus próprios alimentos de maneira autônoma e sustentável.
Entre os materiais estão sementes e o kit de árvores (mudas) frutíferas do Cerrado como o Caju, Mangaba, o Pequi, Baru e Goiaba. Além disso, também serão disponibilizados recursos para o aluguel de tratores e a compra de sacos de adubos e calcário para o fortalecimento da terra que receberá o plantio.
Só do povo Xavante, as ações de segurança alimentar irão atingir diversas aldeias que estão distribuídas em nove territórios indígenas na região Nordeste do estado. Já no Médio Araguaia, os projetos alcançarão seis territórios de povos como os Kanela e os Tapirapé Karajá.
Saúde e Proteção contra incêndios
Para o presidente da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt), Crisanto Rudzö Tseremey’wá, do povo Xavante, o plano emergencial tem ajudando na segurança alimentar e também na saúde e na proteção contra os incêndios florestais nos territórios.
“Tem sido importante porque ajuda que os indígenas fiquem dentro de suas comunidades, e dessa forma menos expostos à pandemia de Covid-19”, ressalta a liderança. A Fepoimt é a principal articuladora dos projetos emergências que contam com o apoio da Organização Não Governamental TNC [The Nature Conservancy], que possui ações de sustentabilidade espalhadas ao redor do mundo.
O coordenador do Subprograma Territórios Indígenas do REM Mato Grosso (STI), Marcos Ferreira, reforça ainda que os projetos junto aos povos Xavante e do Médio Araguaia vão no sentido de construir uma segurança alimentar aos indígenas. “São políticas públicas que extrapolam o assistencialismo ao pensar em ações de médio e longo prazo que visam o fortalecimento e a autonomia desses territórios, para que eles se tornem auto-sustentáveis”, detalha o gestor.
O REM Mato Grosso (do inglês, REED para Pioneiros) é o mecanismo responsável pelo financiamento desses projetos, e de outros que visem a produção sustentável e a preservação das florestas no estado.
Ferreira detalha ainda que foram às comunidades envolvidas nos projetos que aprovaram as ações de segurança alimentar por meio da Comissão de Governança Indígena. Essa comissão é um órgão deliberativo que faz parte da estrutura do subprograma STI do REM MT, e que tem como protagonista a Fepoimt, a federação que representa 43 povos indígenas em Mato Grosso.