A professora pesquisadora, Regina Célia Rodrigues da Paz, da Faculdade de Veterinária (Favet), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), participou do processo que permitiu o nascimento do primeiro filhote de onça-pintada, por inseminação artificial, no Brasil.
O projeto, que vem sendo executado há três anos, foi realizado pela Associação Mata Ciliar, em Jundiaí (SP) e contou com o apoio do zoológico de Cincinnat, nos Estados Unidos.
De acordo com a professora, ao longo desses três anos, várias tentativas de inseminação foram feitas, mas não deram certo. Até que, no final do ano passado, os especialistas alcançaram resultado positivo.
Para que a experiência desse certo, os pesquisadores desenvolveram um procedimento de sincronização do cio utilizando hormônios e monitorando o comportamento do animal. Também fizeram uma adaptação de técnicas de inseminação por videolaparoscopia para melhorar o processo.
Foram 104 dias acompanhando a gestação através de videomonitoramento. Em fevereiro deste ano, a onça fêmea pariu um único filhote.
“O nascimento do filhote é um marco importante e revigora a possibilidade de usar a reprodução assistida como uma ferramenta de conservação e preservação desta espécie”, afirmou ela.
Logo após o nascimento, e no primeiro dia de vida da cria, a onça demonstrou os cuidados maternos comuns à espécie. Entretanto, no segundo dia, ela matou o filhote.
A pesquisadora explicou que essa atitude é comum em animais de cativeiro, independente da forma de geração dos filhotes.
“Vários fatores, entre eles o estresse, geralmente, contribuem para que a mãe mate a cria. Esse caso específico, ainda será avaliado”, comentou.
Ainda que o filhote tenha sido morto, os pesquisadores comemoram o fato do processo ter dado certo, pois é um recurso que pode ser utilizado em outras situações para estimular a reprodução desses animais.
“Devido à caça furtiva e à perda do habitat, as onças-pintadas diminuíram drasticamente em várias regiões do país, e a inseminação vai possibilitar a reprodução de animais em zoológicos ou mesmo na natureza, que tenham algum tipo de dificuldade para se reproduzirem naturalmente”, explicou a professora.
Ela explicou ainda que a onça-pintada é uma espécie monogâmica e está classificada como “quase ameaçada”.