A terceira onda de calor deste ano, agravada pela ausência de chuvas relacionada ao fenômeno El Niño, está gerando inquietação entre os produtores rurais de Mato Grosso. O excesso de calor e a falta de umidade impactam diretamente nas plantações, acendendo alerta para possíveis prejuízos na produção desta safra.
Segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), a safra 2023/2024 pode sofrer uma redução de 3,39% em relação à temporada anterior, com uma projeção de 43,78 milhões de toneladas. O Instituto destacou que as incertezas em torno desta safra têm aumentado recentemente devido às condições climáticas adversas provocadas pelo fenômeno El Niño.
“No último mês, as chuvas foram menores do que no mesmo período do ano passado e abaixo do necessário para o desenvolvimento das lavouras, resultando em atrasos na semeadura”, informou o balanço divulgado em 6 de novembro. Desde a última segunda-feira (13) até, pelo menos, esta sexta-feira (17), uma onda de calor intensa atinge todo o estado, elevando as temperaturas até 5°C acima da média, enquanto as chuvas permanecem abaixo do normal para a primavera.
Fernando Cadore, presidente da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), expressou preocupação com o atraso significativo na semeadura nesta safra, atribuído ao calor extremo e à escassez de chuvas.
“O que mais preocupa nosso produtor e a nós são as condições das lavouras já semeadas. Altas temperaturas, áreas passando vários dias sem chuva, chegando a 20, 25 dias, comprometendo o desenvolvimento das lavouras e causando prejuízos futuros difíceis de mensurar”, explicou Cadore.
A situação está gerando insegurança nos produtores em relação aos investimentos futuros. “Obviamente, isso traz muita preocupação e angústia [aos produtores]. Como o desenvolvimento é complexo, o produtor fica inseguro quanto à própria comercialização e nos investimentos futuros”, acrescentou.
O Imea destacou que, nesta temporada, foi observada uma considerável necessidade de replantio em diversas áreas.
O Agro em Mato Grosso
Mato Grosso sempre se destaca na liderança da produção agrícola nacional, com números impressionantes, sempre acima da média, sendo a economia que mais cresceu no país nesse século. Segundo o IBGE, o PIB do estado cresceu num ritmo quase três vezes maior do que o restante do Brasil.
A pandemia, naturalmente, causou uma queda brusca, mas já em 2022 o ritmo de crescimento retornou aos patamares anteriores. E nada leva a crer que isso deve mudar, com a economia mato-grossense já ocupando a 12ª colocação no ranking nacional, três posições acima de vinte anos atrás.
Essa pujança resulta, naturalmente, do agronegócio, que representa 56,6% do PIB estadual. A agropecuária tem ampliado seu destaque, contribuindo para Mato Grosso dobrar a sua participação na média nacional.
Com efeito, outros índices também refletem esse cenário positivo, com a taxa de desemprego sendo a quarta menor das unidades da federação (3,5%) no último trimestre do ano passado, e mais baixa ainda que a média dos países do G7, que ficou em 3,7% no mesmo período.