Após aulas de literatura, artes e português, reeducandos de unidades prisionais feminina e masculina de Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, apresentaram trabalhos em forma de literatura de cordel.
Uma banca de professores foi formada para avaliar os trabalhos e três deles foram escolhidos como os melhores. Os presos que ganharam em primeiro, segundo e terceiro lugar receberam medalhas e brindes.
Os assuntos relacionados ao concurso foram discutidos entre os meses de outubro e novembro de 2018 durante as aulas do ensino médio da Escola Estadual Nova Chance, dentro das duas unidades prisionais.
A professora Patrícia Andréia Blanco Lino, responsável pelo concurso, explica que antes de escreverem os cordéis os alunos aprenderam sobre a história da literatura de cordel por meio de textos, artigos e vídeos, estrutura de cordel e xilogravuras retratando a cultura nordestina, assim como conteúdos sobre alguns poetas do passado, entre eles, Leandro Gomes de Barros e João Martins de Athayde, e contemporâneos, como Bráulio Bessa e Tião Simpatia.
Na unidade feminina, as apresentações dos trabalhos ocorreram em forma de declamação, acompanhada por um fundo musical específico para cada texto. Na unidade masculina os trabalhos foram avaliados por uma banca formada pelos professores das turmas.
A literatura de cordel chegou à Península Ibérica por volta do século XVI e recebeu os nomes de “pliegos sueltos” na Espanha e “folhas soltas” ou “volantes” em Portugal. O cordel chegou no balaio e no coração dos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se irradiou para os demais estados do Nordeste.
Por volta de 1750 é que apareceram os primeiros vates da literatura de cordel oral. Engatinhando e sem nome, depois de relativo longo período, a literatura de cordel recebeu o batismo de poesia popular. Tem entre seus expoentes poetas como Patativa do Assaré, Apolônio Alves dos Santos, Arievaldo Lima e Firmino Teixeira do Amaral.
A Literatura de Cordel recebeu título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).