A prefeitura de Cuiabá disse que vai abrir uma sindicância para apurar denúncias feitas pela família de um paciente que morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Verdão, em Cuiabá, no último fim de semana.
Os filhos de Golçalo afirmam que o pai estava em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) improvisada no local, e que os funcionários da unidade, durante o trabalho, esbarraram na tomada do quarto e desligaram o respirador do paciente, que não resistiu e morreu.
No entanto, a Secretaria de Saúde de Cuiabá explicou que ele e uma paciente ao lado sofreram paradas cardíacas. Entre as duas macas, segundo a secretaria, havia um carrinho de emergência e quando o técnico de enfermagem correu para o leito da paciente, o cabo do respirador desconectou da tomada no momento em que um médico já fazia massagem cardíaca no paciente.
O filho, Augusto Brito, contou que seu irmão viu o acidente e tentou religar a máquina, mas não conseguiu.
“Meu irmão entrou nessa sala, meu pai estava bem e percebeu que o monitor estava desligado. Chamou a enfermeira, imediatamente, se assustou com aquela situação e tentou ligar o aparelho. Ele não conseguiu, chamou outra pessoa que também não conseguiu e meu pai veio a óbito”, relatou.
O secretário adjunto de assistência em saúde de Cuiabá, Luiz Gustavo Raboni Palma, afirmou que não há como os equipamentos pararem de funcionar, mesmo fora da tomada.
“Nós dispomos de dois carrinhos de emergência, todos eles com respirador, monitor e desfibrilador. Eles também têm bateria caso há queda de energia e o paciente ficar sem o aparelho. Mesmo eu tirando da tomada, ele continua funcionando, e também necessita que tenha uma extensão pra ter mobilidade caso precise ser levado de um lado para o outro para atender o paciente”, explicou.
Apesar disso, segundo ele, o caso será apurado pela prefeitura.
“Quero me solidarizar com a família, dizer que a prefeitura vai abrir uma sindicância pra saber o que que aconteceu no fato do paciente que veio a falecer e se houve erro humano, as medidas serão tomadas”, disse.
Gonçalo estava com suspeita de Covid-19 e precisava ir para uma UTI. No entanto, segundo a família, mesmo sem a confirmação, ele foi colocado em uma sala improvisada junto com os casos já confirmados da doença.
Os servidores afirmam que as unidades de saúde não foram preparadas para a pandemia e acabam disseminando o vírus.
“Os pacientes lá, todos eles têm acompanhante, os que tem Covid-19 e os que não tem. Não tem isolamento nenhum”, disse Augusto.
A professora de infectologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Márcia Hueb, alerta que quem estiver nesses locais, ainda mais sem proteção, correm risco.
“Em hipótese alguma, não pode ter acompanhante e muito menos, outros pacientes que buscam por outras razões que não são infecciosas, contagiosas. Imagina um paciente que já está debilitado por outra condição, que não a Covid-19, se ele se coloca próximo. Corre o risco de se contaminar naquela própria unidade que foi buscar atendimento”, afirma.
O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) falou sobre o atendimento dos casos de Covid-19 e não Covid-19 no mesmo ambiente e entrada de acompanhantes.
“O que eu sei que existe é o desespero da família. Os casos de margem de segurança autorizados pelo conselho da gestão humanizada deixar ter alguém da família próximo, mas que nós temos baixa de servidores tem, isso tem. Ultimamente são 70 profissionais mais ou menos. Nessas circunstâncias tem que haver uma sindicância em respeito à família e a transparência na prestação do serviço público então isso aí já será feito”, explicou.