A Prefeitura de Confresa manteve ao longo de 2025 um contrato milionário com a Pantanal Gestão e Tecnologia Ltda, mesmo após a empresa se tornar alvo de investigação do Ministério Público de Mato Grosso. O vínculo, segundo dados do Portal da Transparência municipal, permanece válido até 2026.
O ponto de atenção é o valor próximo de R$ 1,2 milhão destinado à empresa, que integra um grupo sob apuração por suspeitas de fraudes em licitações, superfaturamentos e contratos irregulares. Os processos investigados envolvem prefeituras, câmaras municipais e quatro empresas vinculadas ao mesmo núcleo empresarial.
De acordo com informações do Ministério Público, o suposto esquema se estruturava por meio de locações fictícias, sobrepreço e desvio de combustíveis com uso de “cartões coringa”. Há ainda apurações sobre contratos celebrados com firmas apontadas como de fachada ou sem comprovação de serviços prestados.
O MP identifica Edézio Corrêa como o responsável por comandar as quatro empresas investigadas: Saga Comércio e Serviço Tecnologia e Informática Ltda, Centro América Frotas Ltda, Pantanal Gestão e Tecnologia Ltda e Pontual Comércio Serviços Terceirizações Ltda. Documentos do órgão e decisões judiciais citadas na investigação apontam que essas empresas teriam sido criadas para viabilizar acordos fraudulentos com diversos órgãos públicos.
A situação ganhou maior visibilidade após a Operação Gomorra, deflagrada em 7 de novembro de 2024 pelo Núcleo de Ações de Competência Originária do MP em parceria com a Polícia Civil. A ação resultou na prisão temporária de Edézio, da esposa, irmã e sobrinhos, todos ligados ao grupo empresarial que segue sendo alvo das apurações.
Segundo dados divulgados pelo MP, as quatro empresas somam cerca de R$ 1,8 bilhão em contratos firmados nos últimos cinco anos, distribuídos entre mais de cem prefeituras e câmaras municipais do estado. A amplitude do número de contratos firmados acendeu o alerta sobre a dimensão da atuação do grupo no setor público.
Mesmo diante do avanço das investigações, Confresa mantém dois contratos ativos com a Pantanal Gestão e Tecnologia Ltda. Um deles trata de manutenção e fornecimento de peças de refrigeração; o outro aparece de forma vaga no sistema, descrito apenas como uma “solicitação gerada para cotação de várias solicitações”. Na prática, indica o agrupamento de demandas internas para obtenção de orçamentos externos, procedimento comum, mas que exige detalhamento para garantir transparência.
O que gerou questionamentos é que tais contratos continuam vigentes sem recomendações formais de suspensão por parte dos órgãos de controle, apesar das suspeitas que recaem sobre a empresa. O tema reacende o debate sobre critérios técnicos adotados por administrações municipais ao firmar ou manter contratos desse porte.
O caso permanece acompanhado pelo Ministério Público, que segue analisando documentos e contratos para identificar possível responsabilidade administrativa ou irregularidades na manutenção dos vínculos com empresas investigadas. A expectativa é de novos desdobramentos à medida que as apurações avancem.
Fonte: informações divulgadas pelo Ministério Público.






















