Policiais militares são denunciados por assassinatos em Mato Grosso: Operação Simulacrum revela esquema de execuções

Fonte: CENÁRIOMT

Policiais militares são denunciados por assassinatos em Mato Grosso
Policiais militares são denunciados por assassinatos em Mato Grosso

Em uma ação contundente contra crimes letais praticados por policiais militares na região metropolitana de Cuiabá e Várzea Grande, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) apresentou seis denúncias contra 69 pessoas, incluindo 68 policiais militares e um segurança particular. As denúncias são resultado da Operação Simulacrum, deflagrada em março de 2022 pela Polícia Civil e MPMT, e revelam um modus operandi macabro que vitimou 23 pessoas e deixou outras 9 feridas.

Os promotores de Justiça do Núcleo de Defesa da Vida alertam para o aumento alarmante da letalidade nas intervenções policiais na região, com mais de um terço dos homicídios em 2023 sendo cometidos por policiais militares. Segundo eles, “a situação torna urgente e necessária a atuação do Sistema de Justiça no sentido de estancar a sangria desenfreada” que mira, principalmente, jovens negros e em situação de pobreza das periferias.

As apurações do MPMT detalham 23 homicídios consumados e 9 tentativas de assassinato. Em comum nos casos, a “quantidade de disparos efetuados pelos policiais totalmente descondizente com as situações de ‘conflito'”, a “não preservação e intensas alterações nos locais dos crimes” pela Politec, e o uso excessivo de força, como em um caso em que um veículo de supostos assaltantes foi alvejado por mais de 100 disparos.

Outro ponto em comum é a figura do “segurança/vigilante”, que fornecia informações sobre alvos fáceis para assaltos. No entanto, ao invés de roubos reais, os indivíduos eram interceptados e mortos por policiais militares. As ocorrências registradas pelos milicianos geralmente mencionavam “informações anônimas” e “abordagens” que terminavam em “confrontos” com os supostos “criminosos”.

As denúncias também apontam para obstáculos à apuração dos crimes na Justiça Militar, que, segundo os promotores, “acabaram, inclusive juridicamente, colocando obstáculos à real e efetiva apuração dos desvios de conduta apurados”.

A investigação revelou um modus operandi em etapas:

  1. Ação do informante: O segurança particular atuava como informante, recrutando as vítimas para os crimes.
  2. Preparação da simulação: O grupo preparava a ação policial simulada, definindo os locais e as vítimas.
  3. Reunião com as vítimas: As vítimas eram reunidas e orientadas sobre seus papéis na simulação.
  4. Recompensa ao informante: Após a execução das vítimas, o segurança particular recebia sua recompensa pela cooptação e participação no crime.

As investigações tiveram início após a confissão de um dos envolvidos, que atualmente está no Programa de Proteção às Testemunhas.

Jornalista apaixonada por astrologia, bem-estar animal e gastronomia. Atualmente, atuo como redatora no portal CenárioMT, onde me dedico a informar sobre os principais acontecimentos de Mato Grosso. Tenho experiência em rádio e sou entusiasta por tudo que envolve comunicação e cultura.