A Polícia Militar de Mato Grosso registrou quatro ocorrências de agressão contra mulheres no município de Rondonópolis (a 216 km de Cuiabá), em um período de menos de um dia. Os casos foram registrados neste final de semana em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher.
O primeiro caso ocorreu por volta das 6h50 de ontem (7). Uma equipe da PM foi acionada para atender uma ocorrência no bairro Mathias Neves. A vítima relatou que possui uma medida protética contra seu filho. O homem teria ido a casa dela e estava muito alterado, querendo agredi-la. A mãe, que já foi agredida anteriormente pelo filho, ainda entregou à polícia uma porção de substância análoga a maconha, que seria do suspeito.
O segundo caso aconteceu por volta das 12h no bairro Vila Operária. A Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência de violência doméstica. Ao chegarem ao local os militares encontraram a vítima, que relatou que o suspeito já havia ido embora..
Ela passou as características físicas do homem, que é seu ex-marido, e disse que ele freqüenta sua casa em razão dos filhos que teve com ele. A mulher ainda relatou que o suspeito constantemente vai à sua casa sob efeito de entorpecentes e a agride fisicamente. Neste sábado o homem teria ido novamente atrás dela, mas ela se trancou na casa.
O suspeito teria então chutado a porta, quebrando a vidraça, e a vítima resolveu abrir. O homem então teria dado um soco no rosto da mulher e a empurrou contra a parede, enforcando-a. O suspeito não foi localizado.
O outro caso de violência doméstica ocorreu já por volta das 4h10 de hoje (8) no bairro Jardim Pindorama. A polícia foi acionada para atender o caso e ao chegar ao local encontraram a vítima, que relatou que estava conversando com seu marido sobre o aluguel da casa, cobrando dele a metade do valor.
O homem então teria se exaltado e começou a dar socos na cabeça da mulher. Ela ligou para a polícia e o suspeito, ao perceber a ligação, fugiu do local. A vítima foi encaminhada a um hospital. O suspeito não foi localizado.
Uma outra mulher foi agredida ainda na noite de sábado, em Rondonópolis, porém, neste caso quem lhe agrediu foi sua irmã. A PM foi acionada por volta das 21h10 de ontem (7) para atender a ocorrência no bairro Residencial André Maggi.
Ao chegar ao local os militares visualizaram a suspeita gesticulando e gritando com sua irmã. A suspeita estava visivelmente embriagada. A vítima relatou que encontrou sua irmã na rua e foi dar carona para ela. No caminho de casa a suspeita deu um tapa na cabeça da vítima, dizendo ser brincadeira.
Quando chegaram em casa, porém, a suspeita teria tido um surto e com dois capacetes na mão atingiu a irmã. O namorado da vítima conseguiu segurar a suspeita.
Violência doméstica
A delegada Juliana Chiquito Palhares, que atuou na Delegacia de Homicídios de Cuiabá por um tempo e lidou com casos de feminicídio, viu um leve avanço na diminuição da violência contra a mulher. No entanto, ela avalia que o cenário ainda é grave já que a maioria das mulheres vítimas de violência doméstica não denunciam os agressores.
“Acredito que evoluímos bastante nesse sentido, mas precisamos aperfeiçoar isso. Porque as mortes estão ocorrendo e ainda temos a situação que de dez mulheres, sete não registram. Isso é um termômetro para gente. Todos nos como sistema de justiça criminal, como sociedade, temos que cobrar daqueles que elaboram e aqueles que aplicam e promover políticas públicas”, afirma.
Em recente entrevista, a delegada titular, Jozirlethe Magalhães Criveletto, revelou sentimento de frustração em alguns casos de violência contra mulher por conta de medidas que não são definitivas. Atualmente, no ato da confecção da medida protetiva, é perguntado a mulher se deseja o acompanhamento da Patrulha Maria da Penha, que é uma das políticas públicas adotadas no município e realizada pela Polícia Militar.
“Para nós existe uma certa frustração, estamos combatendo todo dia, falando de prevenção, enfrentamento, levando as pessoas a denunciarem. Mas no momento que elas denunciam, só temos paliativos, ainda não temos uma solução concreta, dizer ‘faça isso que vai mudar sua vida,você vai voltar a ter a sua vida normal e ser feliz’. Isso me frustra um pouco, pois eu poderia dizer para vocês ‘vamos fazer isso aqui que vai resolver’. Na realidade é mentira”, afirma.
“Estamos acostumadas a dizer para a mulher enfrentar, denunciar. Nessas horas que nos deparamos com as vítimas que já enfrentaram, já denunciaram, e elas perguntam: ‘E agora?’. Não temos solução, um remédio para que eu diga ‘agora você vai fazer isso e sua vida vai voltar ao normal”, acrescenta.
Porém, ela reforça que é importante a mulher procurar as autoridades para que assim o ciclo de violência se quebre.