O Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), fomentou o desenvolvimento do protótipo de um robô facilitador para auxiliar nas terapias de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A pesquisa, coordenada pela professora Thais Reggina Kempner, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – Câmpus de Várzea Grande, foi financiada através do Edital FAPEMAT 05/2022 – Mulheres e Meninas na Computação, Engenharias, Ciências Exatas e da Terra.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que tem adquirido notoriedade devido ao crescente número de diagnósticos, com a ocorrência de uma a cada 54 crianças, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Trata-se de um transtorno do desenvolvimento neurológico, que causa padrões de comportamentos repetitivos, restritos e estereotipados, déficits de comunicação e interação social.
O projeto foi desenvolvido em parceria com profissionais do Centro de Reabilitação Integral Dom Aquino Côrrea (CRIDAC), que colaboraram para o estabelecimento das funcionalidades que o robô deveria possuir para que o processo terapêutico seja mais eficiente.
O robô, intitulado “Otto”, possui um design seguro, útil e atrativo para crianças com TEA, utiliza uma matriz de LED 8×8 associada ao movimento dos seus braços e pernas, permitindo a representação de emoções, tais como felicidade, tristeza, vergonha, medo, raiva. Otto também possui 10 botões interativos, para ensinar os números, e 170 frases gravadas com vozes de crianças, que permitem ensinar o alfabeto, vocabulário básico utilizado no cotidiano das crianças, reconhecer cores, frutas, legumes e animais.
Os primeiros resultados obtidos pela equipe responsável pela pesquisa apontam que 71,4% das crianças avaliadas demostraram interagir com o “Otto”. “O diferencial desse trabalho são as funcionalidades do robô, que está sendo utilizado como um elemento educacional e auxiliando as crianças a melhorar sua comunicação”, afirma a pesquisadora Thais Kempner.
As próximas etapas da pesquisa são: melhorias no hardware, no open source do robô, modelagem 3D e melhoria no controle dos seus movimentos. Todas estas ações serão realizadas em consonância com as recomendações dos profissionais do CRIDAC.
“Esse projeto é uma inovação tecnológica no campo da saúde, que, aliada ao conhecimento dos nossos pesquisadores, permite criar mais qualidade de vida para crianças com Transtorno Espectro Autista (TEA)”, destaca o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Allan Kardec, ressaltando a importância do investimento realizado pelo Governo do Estado.
Segundo o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), Marcos de Sá Fernandes da Silva, os resultados obtidos pelo projeto reforçam a importância dos investimentos em pesquisa e inovação, além de contribuir para aumentar a participação feminina na Computação, Engenharia e Ciências Exatas. “Este projeto contou com a participação de 05 bolsistas pela Fapemat, sendo 03 alunas da graduação e 02 alunas do ensino médio, reforçando o interesse dos jovens pela ciência”.
Participaram do projeto de pesquisa as professoras do Instituto de Computação na Universidade Federal de Mato Grosso, Luciana Correia Lima de Faria Borges e Eunice Pereira dos Santos Nunes, as graduandas da UFMT, Emelyn Montevechi Fagundes, Izamara Van Der Stock das Neves e Kamylla Milena Voltolini dos Santos, e as alunas do ensino médio, Karine Pinheiro Lopez e Antônia Salete Prates Paes da Silva.