Com curva ascendente de casos, Mato Grosso não terá mais leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19 a partir de 30 de junho.
A projeção é de pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e foi publicada na quarta-feira (24).
O estudo também aponta que, até o final de julho, o número de casos de Covid-19 precisando de UTI será o dobro do número de leitos disponíveis.
A pesquisa apresenta a oferta e distribuição de leitos clínicos e de UTI para atendimento aos casos de Covid-19 em Mato Grosso, além de fazer projeções sobre a evolução da doença e, consequentemente, da demanda por leitos de UTI.
“Pelas estimativas, se a velocidade com que vem surgindo novos casos da doença não sofrer alterações, em poucos dias poderemos enfrentar o colapso do sistema público de saúde, com a impossibilidade de atender adequadamente casos graves da doença”, afirmam os pesquisadores.
Na verdade, em cinco das seis macrorregiões de saúde de Mato Grosso o número de leitos de UTI disponíveis já apresentava saturação no dia 21 de junho, sendo a exceção a macrorregião centro-norte, onde fica Cuiabá e Várzea Grande.
“Isso implica que a demanda não atendida nos hospitais de referência desses lugares provavelmente tem sido regulada por os hospitais da região de Cuiabá e Várzea Grande”, explicam.
A distribuição desigual no número de leitos de UTI também é responsável por essa situação. Embora todas as macrorregiões possuam leitos de UTI exclusivos para casos de covid-19, estes estão distribuídos em apenas nove dos 141 municípios do estado:
Na região Leste, por exemplo, a distância até um leito de UTI pode ser de quase 700km.
“A flexibilização das medidas de distanciamento social contribui para a disseminação da doença, mantendo o número crescente de casos novos e óbitos. As consequências serão ainda mais devastadoras se os serviços de saúde não atenderem ao progressivo aumento da demanda caracterizada pelo crescimento exponencial do número de casos de Covid-19 em Mato Grosso e em suas macrorregiões.”
De acordo com as projeções, se a taxa de contágio não for reduzida, até o final de julho, o número de casos de Covid-19 que necessitarão de leitos de UTI será o dobro do número de leitos de UTI disponíveis para a doença em todo o estado.