Uma força-tarefa integrada voltou a colocar o combate à sonegação fiscal no centro da agenda pública em Mato Grosso. Na manhã desta quinta-feira, o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira-MT) desencadeou a Operação Cana Caiada, uma mobilização que mira um grupo empresarial ligado ao setor de destilarias de álcool e suspeito de operar um esquema complexo de ocultação patrimonial e manipulação tributária.
Com base em investigações conduzidas pela Delegacia Especializada de Crimes Fazendários (Defaz) e pela 14ª Promotoria de Justiça Criminal, a Justiça determinou o cumprimento de dez mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de bens móveis, imóveis, veículos e embarcações que podem chegar a R$ 120 milhões. As ordens judiciais foram autorizadas pela juíza Edna Ederli Coutinho, do Núcleo de Justiça 4.0 do Juiz das Garantias, em Cuiabá, e também estão sendo cumpridas no estado de São Paulo.
Investigações apontam para estrutura empresarial voltada à sonegação
O alvo da operação seria um conglomerado que, segundo apurações preliminares, teria recorrido a empresas interpostas, movimentações financeiras atípicas e manobras societárias artificiais para reduzir artificialmente a carga tributária. Esse tipo de mecanismo, frequentemente utilizado para mascarar a real origem e circulação de patrimônio, provoca impactos significativos na arrecadação estadual e na competitividade de setores como o energético e o agroindustrial — temas relevantes para a economia mato-grossense, que pode ser acompanhada em CenárioMT Economia.
O delegado da Defaz, Walter de Melo Fonseca Júnior, destacou que a operação reforça o compromisso institucional em desmontar esquemas de sonegação sofisticada. Para ele, o trabalho interinstitucional é decisivo para responsabilizar grupos econômicos que se utilizam de blindagens patrimoniais como forma de fraudar o fisco estadual.
O Ministério Público também ressaltou a importância de medidas dessa natureza para garantir equilíbrio no ambiente empresarial. O promotor Washington Eduardo Borrére afirmou que ações articuladas impedem práticas desleais e asseguram que empresas que cumprem suas obrigações fiscais não sejam prejudicadas pela concorrência desonesta — um debate que se relaciona diretamente com o cenário político e institucional do estado, amplamente acompanhado em Cenário Político.
A execução dos mandados conta com equipes da Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), GCCO, Denarc, Dema, Polícia Civil de São Paulo, Delegacia de Estelionato de Várzea Grande e DHPP, reafirmando o caráter multidisciplinar da operação.
O Cira-MT reúne Ministério Público Estadual, Procuradoria-Geral do Estado, Controladoria-Geral do Estado, Secretaria de Segurança Pública e Secretaria de Fazenda — um conjunto de instituições que mantêm atuação contínua para identificar, recuperar e proteger ativos públicos desviados ou ocultados.
Origem do nome da operação
“Cana Caiada” faz referência a uma prática antiga realizada nos canaviais, quando se utilizava fogo para preparar o solo antes da colheita. A metáfora indica, segundo as autoridades, a intenção de “limpar” estruturas ilícitas que encobrem o funcionamento financeiro de determinados grupos econômicos.
A operação reafirma o endurecimento das ações do Estado contra a sonegação estruturada, um problema que afeta diretamente a arrecadação e os investimentos públicos. As medidas judiciais adotadas nesta quinta-feira marcam um novo capítulo no esforço de fiscalização e devem desdobrar-se em novas fases conforme o avanço das análises financeiras.
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