A onça pintada que foi resgatada durante os incêndios florestais no Pantanal Mato-grossense e teve queimaduras nas quatro patas apresentou melhoras. O tratamento do animal inclui o uso de anti-inflamatório, analgésicos, antibióticos, curativos e botinhas feitas de ataduras e esparadrapos para que evite aumentar a lesão. No sábado, dia 29 de agosto, deve começar o tratamento com aplicação de células-tronco visando acelerar ainda mais a recuperação.
O veterinário do Instituto de Preservação e Defesa dos Felídeos da Fauna Silvestre do Brasil em Processo de Extinção (Nex), Thiago Luczinski, onde a onça está sendo tratada, informou que ela está ativa e se alimentando bem. “Apesar das lesões serem extensas e profundas no geral ela está bem e voltou a se alimentar, está bebendo água e está ativa, mesmo com dificuldades devido aos ferimentos. O tratamento de células tronco é uma tentativa de acelerar ainda mais a recuperação para que ela possa retornar a natureza o mais rápido possível”.
A secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) coordena uma força tarefa para atendimento aos animais silvestres atingidos pelos incêndios no Pantanal. O Gerente de Fauna Silvestre da Sema, Waldo Troy, destaca que a ação conjunta é crucial para que os animais recebam o tratamento adequado e volte ao seu local de origem de forma saudável e acredita que o tratamento com células tronco, ao qual será submetida a onça, será benéfico. “É importante incentivar a pesquisa sobre este tipo de tratamento para que num futuro próximo os custos sejam menores e possa alcançar todas as espécies presentes na nossa fauna silvestre”, avalia.
Resgate da Onça no Pantanal
No dia 22 de agosto uma equipe da Sema e médicos veterinários da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foram ao Pantanal com objetivo de escolher um local ideal para se instalar um Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras), que funcionará de forma provisória para atender animais vítimas de incêndios florestais.
Durante esse reconhecimento a equipe foi informada que uma onça se encontrava dentro de um depósito, perto de uma residência e se deslocou ao local, junto com a Polícia Militar Ambiental, acionada para oferecer segurança aos habitantes da casa. Após várias tentativas de tirar o felino, ele saiu à noite, de forma espontânea.
No dia seguinte a equipe da Sema e UFMT foi comunicada que tinha novamente uma onça dentro de um outro depósito, também perto de uma casa, onde estavam abrigados brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a aproximadamente 400 metros de localização do episódio anterior.
No local foi constatado que se tratava do mesmo animal, uma onça-pintada fêmea, e que apresentava sinais de queimaduras. Foi aplicado um sedativo e com apoio da equipe de comando e combate da Operação Pantanal II, que atuava na região da estrada-parque Transpantaneira, no município de Poconé, a onça foi retirada do local e transportada ao Hospital Veterinário da UFMT em uma aeronave da Força Aérea Brasileira. A Operação Pantanal II foi lançada no dia 7 de agosto com objetivo de controlar os incêndios florestais.
Após ser avaliada no Hospital Veterinário, os profissionais concluiram que seria viável levá-la a um local que oferecesse um tratamento mais adequado ao tipo de ferimento. O felino foi transportado, então, ao Instituto de Preservação e Defesa dos Felídeos da Fauna Silvestre do Brasil em Processo de Extinção (Nex), em Corumbá de Goiás. O deslocamento foi feito em veículo apropriado, com climatização e o acompanhamento de uma médica veterinária da UFMT.
Força-Tarefa para resgatar Onça
O Comitê Estadual de Gestão do Fogo articulou força-tarefa para atendimento aos animais silvestres atingidos pelos incêndios no Pantanal. A força-tarefa faz parte da Operação Pantanal II, lançada no dia 07 de agosto Até o momento, integram o grupo: Coordenadoria de Fauna e Recursos Pesqueiros da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Corpo de Bombeiros Militar, Batalhão de Polícia Militar de Proteção Ambiental e Ibama.
Da Universidade Federal de Mato Grosso, participam médicos veterinários do Hospital e do Centro de Pesquisa de Medicina e Pesquisa em Animais Silvestres, além de profissionais do Instituto de Biologia. Também atuam em conjunto, a Procuradoria Geral do Estado, a Ordem dos Advogados do Brasil, Sesc Pantanal e médicos veterinários voluntários.