O projeto de gestão de águas do Incra/MT, que trata da implementação de Tecnologias Sociais e Educação Ambiental em Comunidades do Alto Pantanal Mato-Grossense, serviu de base e modelo para a confecção de uma proposta de instalação de uma “Vitrine de Tecnologias Sociais” na Amazônia e assim ajudar na segurança hídrica e produção agropecuária de comunidades tradicionais. E essa proposta foi acatada, levando o projeto do Incra/MT receber sua oitava premiação.
O Conselho de Instituidores dos Prêmios Professor Samuel Benchimol aprovou a proposta e concedeu a ela a premiação na categoria “Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica”. A solenidade de premiação ocorreu em Palmas (TO), em 5/12/2025.
Assim, a proposta “Implementação de vitrine de tecnologias sociais e educação ambiental para o desenvolvimento da região Amazônica” foi agraciada com a premiação de R$ 45 mil, que será usada para a instalação do espaço demonstrativo e educativo, visando capacitar agricultores, técnicos e demais interessados, orientando sobre como, onde e quando utilizar as “barraginhas”, enquanto ferramenta eficaz no enfrentamento da escassez hídrica, no controle da erosão, na conservação do solo e na recarga dos lençóis freáticos.
Essa “Vitrine de Tecnologias Sociais” amazônica será instalada e desenvolvida no município de Juína, região Noroeste do Mato Grosso, em uma área de transição entre os biomas Cerrado e a Amazônia, que se destaca como polo estratégico e referência na região. Desde 2021 em Juína funciona um espaço para promover as Tecnologias Sociais para ajudar na segurança hídrica de comunidades tradicionais, sendo que os recursos dessa premiação vão ampliar e atualizar a iniciativa no município, aplicando orientações e padrões estabelecidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Os municípios beneficiados pela “Vitrine de Tecnologias Sociais” amazônica na região Noroeste do Mato Grosso são: Juína, Aripuanã, Castanheira, Colniza, Cotriguaçu, Juruena, Rondolândia, Juara e Brasnorte, além de outros municípios do estado com potencial de replicação: Acorizal, Apiacás, Colíder, Cláudia, Confresa, Diamantino, Guarantã do Norte, Itaúba, Matupá, Nova Canaã do Norte, Nova Santa Helena, Nova Guarita, Nova Marilândia, Sapezal, Sinop, Sorriso, Tabaporã, Tapurah e Vera.
Nestas áreas, há milhares de famílias assentadas, agricultores familiares, quilombolas, ribeirinhos que podem ser beneficiadas com a “Vitrine de Tecnologias Sociais” amazônica a ser instalada em Juína.
Incra
O coordenador do projeto de gestão de águas do Incra/MT é o engenheiro agrônomo Samir Curi, que é um dos autores da proposta que concorreu e foi ele quem representou a autarquia agrária na solenidade da 21ª edição do “Prêmio Professor Samuel Benchimol”, em Palmas.
Segundo Samir, na ‘caminhada’ para levar água às comunidades, nunca imaginaria que chegaria à região Amazônica. “Receber este reconhecimento no Prêmio Samuel Benchimol confirma que estamos no caminho certo e que esse esforço agora se consolida como referência para toda a região Amazônica de Mato Grosso. Parabéns à equipe de Juína e a todos que acreditam que boas sementes podem transformar o futuro”, diz, acrescentando que em Juína encontrou pessoas parceiras extraordinárias, com destaque para “o trabalho incansável dos professores Wagner Smerman e Josemir Rocha, que transformaram desafios em resultados concretos e admiráveis”.
Juntamente com Samir Curi, são autores da proposta vencedora a professora doutora da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Solange Aparecida Arrolho da Silva – que atua como docente no campus Alta Floresta -; o doutorando em Licenças Ambientais na Unemat, Wagner Smerman; o mestre Josemir Paiva Rocha; além do especialista e mestrando Márcio Menegussi Menon.
Para Wagner Smerman e Josemir Rocha, também representantes do Programa de Recuperação das Nascentes do Córrego Passo Preto (PRNCPP), este reconhecimento é motivo de profunda alegria e gratidão. “Ser premiado pelo Prêmio Nacional Samuel Benchimol reforça a importância do trabalho que nasceu do compromisso em enfrentar dois grandes desafios de Juína: o excesso de água no período chuvoso e a escassez na estiagem”, afirma Smerman.
Já Josemir Rocha opina que “esta conquista os engrandece e fortalece, renovando a responsabilidade com a recuperação ambiental. Seguimos motivados a ampliar as ações e levar essa experiência transformadora para outras regiões”.
Samuel Benchimol
O Prêmio Professor Samuel Benchimol foi assim instituído em 2004, com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Ação Pró-Amazônia, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).
A escolha do nome do intelectual e entusiasta Samuel Benchimol para o prêmio valoriza a iniciativa, pois ao longo de décadas de dedicação e produção academia de 32 livros e mais de 70 artigos sobre a região amazônica ele abordou diversas áreas, com economia, sociologia, antropologia, geografia, história e ecologia.
Em todas suas publicações, Samuel Benchimol (falecido em 2002) defendeu a importância da Região Amazônica no contexto do desenvolvimento nacional e a necessidade do desenvolvimento sustentável, respeitando o que ele definiu como os quatro paradigmas fundamentais para o desenvolvimento da Amazônia: ser economicamente viável, ecologicamente adequado, politicamente equilibrado e socialmente justo.
Vitrines de Tecnologias
A ideia da implantação de Vitrines de Tecnologias Sociais em Juína – como polo regional do Estado de Mato Grosso dentro do bioma Amazônico e na fronteira com o Cerrado -, é uma ação estratégica para enfrentar os desafios da segurança hídrica e das mudanças climáticas.
Essas unidades demonstrativas funcionam como referências práticas para projetos de captação, conservação e produção de água, auxiliando produtores, técnicos e gestores públicos a soluções adaptadas às condições locais.
Como benefícios e impactos positivos as vitrines permitem:
• Estimular a adoção de tecnologias inovadoras e fortalecer a autonomia das comunidades rurais;
• promover o desenvolvimento sustentável baseado em evidências técnicas e científicas;
• ampliar o acesso à água para consumo humano e atividades produtivas;
• reduzir a vulnerabilidade climática, com adaptação das comunidades à crise hídrica.
Este modelo de vitrines já está sendo desenvolvido nas regiões mato-grossenses em Cáceres (2009), em Juína (em 2021) e da Chapada dos Guimarães (2024) – com a coordenação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA), além de outros parceiros. E em novembro deste ano de 2025, iniciam as ações da implantação da vitrine na região de Barra do Garças. Já para o ano de 2026 haverá a implantação das vitrines nas regiões de Rondonópolis e Jaciara.
A conclusão do projeto de “Vitrines de Tecnologias Sociais” apresentado aponta que elas representam um passo estratégico para a revitalização hidroambiental de Mato Grosso. Isso, porque elas vão integrar ciência, políticas públicas e participação comunitária, levando a uma iniciativa que fortalece a segurança hídrica, impulsiona o desenvolvimento econômico, reduz o êxodo rural e garante o direito fundamental à água para consumo humano, produção agrícola e atividades escolares. Os autores do projeto ainda avaliam que ele promove a conservação ambiental, fortalece a agricultura familiar e cria condições concretas de sustentabilidade para enfrentar os impactos das mudanças climáticas no território.
Histórico
O projeto de gestão de águas do Incra/MT está em funcionamento desde 2009, contando com a colaboração de profissionais da autarquia em Mato Grosso, entidades e órgãos parceiros.
Sua elaboração inicial foi para atender a região do Pantanal mato-grossense, que mesmo seja conhecido pela fartura de água a segurança hídrica é um problema em boa parte da região, principalmente na seca – de maio a outubro -, com destaque para a Microrregião do Alto Pantanal.
Assim, o projeto desenvolvido pelo Incra/MT foi implantado em lotes de 42 famílias do assentamento Rancho da Saudade, com a construção de 68 “barraginhas” e 23 “quebra-molas” em estradas vicinais da região. O objetivo é reter e direcionar as águas das chuvas e, assim, aumentar a recarga de aquífero local, para atendimento das necessidades hídricas de 160 famílias e duas escolas rurais da região em situação de risco.
Ele usa as chamadas tecnologias sociais, indicadas para atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS), que mesclam as dimensões econômica, social e ambiental. Além de contribuir com os Objetivos do Milênio (ODM), estabelecidos com a Cúpula do Milênio das Nações Unidas, em 2000, após a adoção da Declaração do Milênio das Nações Unidas.
Por ter baixo custo e bons resultados, as tecnologias sociais do projeto podem ser replicadas em comunidades rurais de dezenas de municípios brasileiros, como opção para a solução de problemas relativos ao meio ambiente, à ampliação da economia local, redução das desigualdades sociais, aumento da cadeia produtiva, geração de emprego e de renda.
Prêmios
O projeto “Implementação de Tecnologias Sociais e Educação Ambiental em Comunidades do Alto Pantanal Mato-Grossense”, foi vencedor do 7º Prêmio Melhores Práticas A3P/2018, realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).
E ganhou na categoria Governo do Prêmio ANA 2020 – uma premiação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) criada para reconhecer e valorizar as melhores práticas e iniciativas voltadas ao cuidado e gestão das águas do Brasil.
Também foi vencedor do Troféu Seriema, na categoria “Sociedade Sustentável”, promovido pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (CREA-GO) e cuja premiação foi entregue em 18 de novembro de 2021, em solenidade realizada em Goiânia (GO).
Já em abril de 2022, ficou na terceira colocação na categoria Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, do 1º Prêmio SiBBr de Biodiversidade – uma iniciativa da Secretaria de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (SEFAE / MCTI).
Em novembro de 2022, recebeu o prêmio de segundo lugar, na categoria Profissional, na Seleção de Artigos para o III Congresso Nacional dos Peritos Federais Agrários (CNPFA), que reuniu a categoria dos agrônomos da autarquia, autoridades, acadêmicos, gestores e profissionais para discutir a temática “Terra, mudanças climáticas e fome: o Brasil num mundo em transformação”.
E a sexta premiação do projeto do Incra/MT ocorreu quando, em outubro de 2024, ele ficou em primeiro lugar na categoria Extensão Tecnológica, da 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, promovida pela Fapemat.
Em outubro de 2025 uma adaptação do projeto do Incra/MT voltada para todo o Estado de Mato Grosso ficou em segundo lugar na categoria “Projeto de Extensão”, da 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) – na edição mato-grossense promovida pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat). Assim, essa é a sétima premiação do projeto de gestão de águas do Incra/MT.
Em Palmas (TO), o projeto do Incra/MT recebeu em dezembro de 2025 sua oitava premiação, com a escolha pelo Conselho de Instituidores dos Prêmios Professor Samuel Benchimol da proposta “Implementação de vitrine de tecnologias sociais e educação ambiental para o desenvolvimento da região amazônica”, na categoria “Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica”.
Parcerias
O projeto é resultado de parceria firmada entre o Incra/MT, Juizado Volante Ambiental de Cuiabá (Juvam Cuiabá), Justiça Federal de Cáceres, Justiça Estadual de Cáceres, World Wildlife Fund (WWF), Consórcio Nascentes do Pantanal (São José dos Quatro Marcos), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal do Estado de Mato Grosso (UFMT), Prefeitura Municipal de Cáceres, Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT), Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MP-MT), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Ministério Público Federal (MPF).


















