A obra de centro de reabilitação para atender deficientes e pacientes com microcefalia está parada desde 2016, em Cuiabá, e os pacientes ou ficam sem atendimento ou as famílias têm de pagar pelo tratamento. O município recebeu recursos do Ministério da Saúde para fazer a construção do prédio, mas apenas as paredes foram construídas.
Atualmente, a obra está coberta por mato e lixo. Ao lado, onde funciona a policlínica do Bairro Planalto, a fila é grande e os pacientes precisam dividir o mesmo espaço em busca de atendimento.
A prioridade deveria ser das crianças com microcefalia, mas as mães estão tendo que pagar para que o atendimento seja contínuo.
“Não temos condições de levar nossos filhos para um local como aquele, onde a fisioterapeuta atende duas ou três crianças ao mesmo tempo e a estrutura é deplorável”, declarou a mãe Fernanda Pereira da Silva.
A Prefeitura de Cuiabá informou que já notificou a empresa responsável por fazer a limpeza do terreno onde está a obra e que próximo passo vai ser multá-la.
Em relação aos atendimentos, o coordenador especial da rede assistencial do município disse que o agendamento se dá de acordo com a ordem de chegada, respeitando a fila de espera e que na agenda de cada profissional são reservadas vagas para urgências.
Foram investidos R$ 1,4 milhão na obra do centro e cerca de 80% já foram pagos. No entanto, a empresa responsável pela construção acionou a Justiça pedindo um aditivo e abandonou a obra.
Com a construção parada, o município deixa de receber, mensalmente, R$ 140 mil do Governo Federal para dar suporte às pessoas com deficiência e pacientes com microcefalia.
O centro de reabilitação deveria atender Cuiabá e região. “O município atende em torno de 30% dos pacientes de todo o estado, então a policlínica não é o local ideal para atender toda essa demanda”, ressaltou o coordenador de Atenção Secundária, Kennedy Marques.
O Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito) entrou com uma ação no Ministério Público denunciando a precariedade no atendimento e a negligência.
“Essas pessoas existem e precisam ser levadas a sério. Não adianta fazer de conta que essas pessoas não estão ali, pois elas estão”, ressaltou a presidente da Crefito, Ingridh Farina da Silva.