Nove mulheres grávidas já morreram com Covid-19 em Mato Grosso. O número preocupa os profissionais da saúde que alerta que os cuidados devem ser reforçados durante a gravidez na pandemia. No Brasil já são 204 gestantes vítimas da Covid-19.
Patrícia Albuquerque, moradora de Colíder, não conseguiu vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Mato Grosso e acabou sendo transferida para Goiânia. Ana Beatriz nasceu prematura e lutou nove dias para vencer a Covid-19, mas infelizmente a mãe dela não resistiu ao novo coronavírus.
A Mariuza Lima, de Pontes de Lacerda, nem teve a chance de conhecer o bebê, morreu aos 41 anos lutando contra a Covid-19 num leito de UTI. O marido dela, Ermindo Pereira dos Santos, conta que perdeu a família e que isso serve de alerta para as pessoas evitarem aglomerações.
“E perdi a minha família com isso, eu estou desestruturado, a gente tinha planos e foi tudo por água abaixo por essa doença. Então eu deixo esse alerta para que as pessoas se cuidem, que tratem melhor seus familiares. Que antes de saírem para um bar, para uma aglomeração, pendem para ficar em casa. É terrível, muito crítico”, afirma.
Patrícia e Mariuza fazem parte das 204 grávidas vítimas da Covid-19 no Brasil.
Segundo a Associação Brasileira de Enfermeiros Obstetras e Neonatais (ABENFO), em Mato Grosso, de março a julho, nove grávidas com a Covid-19 morreram. Desse total, cinco delas faziam tratamento no Hospital Júlio Muller e dois bebês prematuros acabaram morrendo por causa da doença.
O vice-presidente da ABENFO, Renata Cristina Teixeira, conta que antes da pandemia já havia um problema de mortalidade materna e que com a pandemia, isso agravou.
“Normalmente a gente tem uma média de um óbito por ano neste hospital. A gente tem que pensar também que o problema da mortalidade materna já existia, então as mulheres continuam morrendo por outras causas. Nós temos além do problema antigo, o agravamento do problema com os óbitos causados em decorrência da Covid-19”, afirma.
Os especialistas defendem a criação de uma rede de atendimento específica pra tratar gestantes com a Covid-19 separadas das que não tem a doença.
“Essa é uma discussão que nos preocupa muito. As maternidades têm levantado esse problema pra que a secretaria municipal e estadual de saúde organize um programa específico para atender a população obstétrica que esteja suspeita ou confirmada com Covid-19”, afirma.
A dona de casa Karen Redeschini de Lima vai dar a luz em poucos dias. Ela não está com a Covid-19, mas fica ansiosa toda vez que ouve uma notícia sobre mortes de gestantes. Pra não se contaminar com a doença, ela tem tomado todos os cuidados e seque à risca as recomendações do pré-natal.
“É uma coisa incerta, a gente vê casos de grávidas que não tinham problema nenhum, nenhuma comorbidade e isso gera uma ansiedade de não saber como vai ser se eu pegar, como que eu vou conseguir evitar isso”. Eu tenho ido somente na casa dos meus pais e dos meus sogros que me ajudam com a minha outra filha pequena. Evito ao máximo ir em marcado, farmácia, só vou em último caso quando realmente é necessário”, afirma.