Pesquisadores do Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM-UFMT), em Cuiabá, identificaram uma nova espécie de fungo denominada Paracoccidioides lutzii, responsável por causar a Paracoccidioidomicose (PCM), uma infecção fúngica que afeta principalmente trabalhadores rurais, garimpeiros e pessoas com contato frequente com o solo.
De acordo com os especialistas, o fungo se aloja no solo e pode ser inalado quando a terra é remexida, atingindo os pulmões e causando danos crônicos. A doença pode resultar em sequelas pulmonares graves, como fibrose pulmonar, além de provocar manifestações clínicas como úlceras na mucosa oral e nasal, inchaço dos gânglios cervicais, lesões na pele, em ossos e problemas oculares.
Os estudos indicam que os homens são mais afetados pela PCM, em uma proporção de 14 para 1 em relação às mulheres. Segundo os pesquisadores, o hormônio estrogênico exerce um efeito protetor, reduzindo a incidência da doença entre mulheres antes da puberdade e após a menopausa.
A coordenadora da pesquisa, doutora Rosane Hahn, destaca que a Paracoccidioidomicose não tem cura, mas pode ser controlada com o tratamento adequado. Os casos diagnosticados recebem acompanhamento no HUJM.
Para aprimorar o diagnóstico da doença, o Ministério da Saúde está financiando um projeto que busca desenvolver um antígeno, permitindo sua utilização em laboratórios de análises clínicas nos estados brasileiros (LACENs).
A pesquisadora também lidera um projeto em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), que visa coletar amostras de sangue de agricultores familiares para a realização de sorologia, contribuindo para estudos epidemiológicos da doença.