A filha do piloto Maicon Esteves, que ficou perdido durante cinco dias na mata, após o avião em que ele estava, cair e pegar fogo, em novembro de 2018, nasceu na manhã de sexta-feira (5), em Londrina (PR). A esposa do piloto, Rebeca Razzaboni Freitas, estava nos primeiros meses de gestação quando ocorreu o acidente.
A filha do casal se chama Bianca e nasceu com 3,035 Kg e 47 centímetros. O parto foi realizado em um hospital em Londrina, norte do Paraná, já que a família mora em Primeiro de Maio, distante cerca de 70 Km do hospital. Maicon ficou 39 dias internado após a queda do avião, foi submetido a diversas cirurgias plásticas e ao desembarcar no Aeroporto de Londrina, a primeira pessoa que ele abraçou foi a esposa.
Relembre o caso
Maicon Semencio Esteves, de 27 anos, desapareceu após a queda de aeronave agrícola que pilotava, no Distrito de União do Norte, em Peixoto de Azevedo (a 696 km de Cuiabá), no sábado 3 de novembro. Uma força-tarefa encontrou o jovem após cinco dias perdido na mata. Ele estava próximo à um córrego e foi levado para o município de Peixoto de Azevedo, onde recebeu os primeiros atendimentos. Depois foi transferido para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital particular em Sorriso (a 420 km de Cuiabá).
O acidente
O acidente foi testemunhado por um agricultor que estava a cerca de 500 metros do local da queda, arando a terra, no sábado (3). Ele viu o momento em que avião desceu rapidamente e não subiu. Ele seguiu até uma fazenda próxima e avisou na sede para chamar o socorro.
Somente na segunda-feira (5), foram vistos galhos quebrados por pessoas que começaram as buscas e por dois policiais militares. Os PMs encontraram a porta do avião aberta e um canivete a alguns metros da aeronave, o que indicava o deslocamento do piloto. A cabine também estaria intacta.
As buscas
O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 11 horas daquele dia. Às 14h30, uma equipe do Corpo de Bombeiros de Colíder, composta pelo tenente Fonseca, sargento Veloso e soldado Evaristo iniciaram as buscas.
Conforme os bombeiros, todo deslocamento é dificultado pela distância de Colíder até o distrito de União do Norte, e também até o local da queda do avião, que ocorreu dentro da floresta.
No segundo dia de busca, terça-feira (6), os bombeiros caminharam entre quatro e cinco quilômetros em linha reta na mata fechada. Durante toda terça-feira os bombeiros ficaram dentro da floresta, não saíram, não foram vistos pelos policiais militares nem pelas pessoas das fazendas. Gritaram e soltaram fogos na esperança de que o piloto respondesse, porém, sem sucesso.
A localização do piloto
Já na quarta-feira, dia que o piloto foi encontrado, bombeiros da cidade de Sorriso (a 418 km de Cuiabá) chegaram pela manhã com um cão de busca. Na mesma manhã, o Corpo de Bombeiros também mobilizou um grupo de 30 trabalhadores da fazenda São João, munidos de facões. Iniciou-se uma força-tarefa em busca de Maicon. O grupo fez um “pente fino” e conseguiu localizar o piloto próximo de um córrego.
A cerca de 200 metros, uma caminhonete particular conseguiu chegar. Ela o transportou até o distrito de União do Norte. Lá, uma unidade de resgate do município de Peixoto de Azevedo fez os atendimentos, os primeiros socorros nos ferimentos e aplicou soro no piloto, que ainda continua internado.
O irmão do piloto, Diego Semencio Esteves, disse ao Olhar Direto que ainda não há previsão de alta, mas que a família está tentando fazer a transferência dele para um hospital de Sinop ou Sorriso.
Dias na mata
Depois de caminhar por muito tempo, o piloto parou nesse local e ficou bebendo água, mas mesmo ingerindo liquido, ele estava muito debilitado pelas queimaduras, arranhões causados por espinhos na mata e por machucados no pé que sofreu de tanto caminhar.
Para proteger o rosto dos espinhos, o piloto ficou com capacete de voo, o que dificultou a percepção dos fogos e dos chamados que foram feitos durante toda a terça-feira, dia que os bombeiros mais fizeram buscas e que ficaram mais tempo na mata.
Maicon estava cansado, sem condições de caminhar mais. Ele tinha feridas abertas e insetos que causavam mais ferimentos na pele. Durante os cinco dias, ele se alimentou somente com bolachas que trazia consigo. O resgate aconteceu em uma maca improvisada.
Os bombeiros durante a busca se feriram em urtigas e espinhos, ficaram com carrapatos presos à pele e viram um grupo de queixadas (porcos do mato) agressivo. Eles iam dormir à meia-noite e estavam na mata assim que o sol nascia, segundo relatou o tenente que comandou a ação.
Os moradores do município Primeiro de Maio (PR), onde o rapaz mora, soltaram fogos quando receberam a informação de que ele havia sido localizado com vida.