Em tempos de pandemia, alguns municípios de Mato Grosso desenvolvem ações alternativas para reduzir os impactos econômicos nos negócios locais, garantindo renda e qualidade de vida para a população. Várias prefeituras utilizam o seu poder de compras governamentais para aquisições de produtos e serviços locais, o que injeta recursos na economia e fortalece os empreendedores. Além disso, fazem uso de infraestrutura que já possuem para incrementar negócios de forma criativa e eficiente.
Muitos desses municípios estão colocando em prática pontos e conceitos tratados no projeto Cidade Empreendedora e Sustentável, desenvolvido em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae MT).
Em Paranaíta (a 838 km ao norte de Cuiabá), o que começou como voluntariado acabou se tornando um negócio. Inicialmente, um grupo de 23 pessoas, entre costureiras, costureiros e ajudantes, confeccionou, de forma voluntária, 234 jalecos, 302 toucas e 1.280 máscaras para os funcionários públicos.
A partir dessa iniciativa, a prefeitura municipal fez uma compra direta de 1.400 máscaras ao custo de R$ 3,00 cada, sendo que a prefeitura ficou responsável pela compra do material. A negociação foi feita com duas microempreendedoras individuais (MEI) que dividiram o trabalho e o dinheiro com outras profissionais não formalizadas e, por isso não poderiam participar do processo de comercialização da prefeitura. As máscaras estão sendo distribuídas para os servidores públicos e famílias carentes.
A prefeitura de Campos de Júlio (555 km a oeste de Cuiabá) lançou mão da Lei Geral das MPEs e está fazendo aquisições por pregão eletrônico (007/2020) utilizando o beneficio de 10% para as empresas locais. Foram feitas aquisições de mais de R$ 100 mil de empresas locais.
O pregoeiro Marcelo José Batista dos Santos Lino explica que tomaram essa para incentivar o desenvolvimento e o crescimento das empresas e com isso aumentar o emprego no município. Ele acrescenta que adota este critério também para a chamada pública da agricultura familiar e credenciamento. “Nossa intenção é conseguir o máximo possível de empresas locais participando, assim vamos minimizar os efeitos negativos da crise”, constata.
Ainda na área da agricultura familiar, a prefeitura de Paranatinga realizou sessão pública para aquisições de gêneros alimentícios da agricultura familiar no valor de R$ 238 mil reais, um incremento de 60% do valor adquirido em 2019.
Funcionários dos PSFs (Programa de Saúde da Família) de Paranatinga iniciaram uma campanha de confecção de máscaras, para atender às populações mais carentes. Para tanto, estão pedindo à sociedade local doações de tecidos e outros insumos necessários para a confecção das peças.
A prefeitura de Nova Mutum também está com credenciamento aberto, através da chamada pública 004.2020, para aquisições das máscaras de tecido dos pequenos negócios exclusivamente locais.
Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde criou um Serviço de Acolhimento Psicológico via telefone voltado para atender pessoas que se sentem desamparadas, angustiadas e impactadas emocionalmente pelo isolamento social ou outros sentimentos decorrentes da pandemia da Covid-19.
O serviço é feito pelos telefones (65) 3308-5400, ramal 5626 e (65) 9 9259-7750, de segunda a sexta, das 07h às 11h e das 12h às 17h.
Municípios que não participam do programa Cidade Empreendedora e Sustentável também estão desenvolvendo ações da maior importância. É o caso de Sorriso (a 397 Km ao norte de Cuiabá). A prefeitura organizou um programa para unir os agricultores familiares e vender uma cesta com legumes, verduras e frutas produzidos por eles. Os pedidos são feitos por whatsApp e podem ser retirados em dois pontos de apoio ou entregues nas residências, mediante o pagamento de uma taxa de R$ 5,00
O secretário de agricultura do município, Marcio Luiz Kuhn, explica que tudo começou com a possibilidade das feiras serem fechadas por causa do isolamento social. A alternativa para evitar perdas de produtos nas propriedades e continuar girando a economia do setor foi montar cestas de alimentos hortifrúti para comercialização.
A agrônoma do município fez um levantamento de todos os produtores com interesse em entregar produtos para a cesta, com os valores pré-estabelecidos de acordo com pesquisa de mercado realizada. Alguns caminhões da agricultura familiar são utilizados para percorrer as propriedades e coleta os produtos, que são levados para o mini Ceasa municipal, onde as cestas são montadas.
Inicialmente, as cestas eram maiores e comercializadas por R$ 50,00, mas percebemos que a maioria das famílias do município é composta por poucas pessoas, nós diminuímos um pouco a quantidade dos produtos e reduzimos o valor para R$ 30,00. Cada cesta tem em média 15 quilos de produtos, entre eles mandioca, batata doce, mamão, cebola, cebolinha, alface, rúcula, banana, milho verde, tomate, pepino, quiabo, jiló, de acordo com a disponibilidade de oferta.
O secretário destaca que sem a comercialização os pequenos produtores não conseguiam manter a sustentabilidade, pois precisavam do dinheiro para plantar novas culturas. Assim, o ciclo produtivo seria fechado e demoraria muito tempo até que pudesse voltar ao normal. “Deu tão certo que, mesmo agora que a feira está aberta, a gente continua a fazer essas cestas por conta da abertura de um novo mercado que não havia antes. Foi um sucesso”, festeja.