Uma mulher espera há 20 anos por uma resolução judicial sobre uma ação com pedido de danos morais por um erro médico ocorrido em 1998. Deyse Cândida da Costa, que mora em Cuiabá, passou por uma cirurgia no abdômen, na Santa Casa da Misericórdia do município, e no procedimento foi esquecida uma compressa dentro da barriga dela. Recentemente, ela passou por uma perícia, como parte do andamento processual.
Como o processo está em andamento, o Judiciário informou que o magistrado que cuida do caso não pode se manifestar. Já o governo informou que não pode responder pela Santa Casa por atos ocorridos quando a unidade estava sob outra administração.
A paciente, que à época era técnica em enfermagem, fez duas cirurgias e o suposto erro médico ocorreu na segunda vez. Os procedimentos foram decorrentes de um problema na vesícula.
Em 1998, após exames, ela foi diagnosticada com cálculos na vesícula e precisava retirá-los por meio de intervenção cirúrgica. Ela contou que sentia fortes dores abdominais enquanto trabalhava e por causa disso procurou orientação médica.
Ela disse que passou pelo primeiro procedimento cirúrgico e um tempo depois fez a segunda cirurgia, quando ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por 15 dias. E nesta segunda cirurgia aconteceu o erro médico. Ambas as cirurgias foram realizadas no Hospital Santa Casa de Misericórdia.
Segundo Deyse, a cirurgia era relativamente comum, com recuperação rápida, pois poderia estar em casa dentro de poucos dias como foi dito à ela pelos médicos. No entanto, a falha a prejudicou, tanto fisicamente quanto emocionalmente.
“Não gosto de comentar, pois vem um trauma enorme, aquele sentimento de receio e medo, principalmente quando vou ao médico. Eu perdi meu marido, estou com depressão. O que era para ser uma cirurgia de pouco mais de quatro pontos com alta rápida, virou um pesadelo de meses”, contou ela.
Segundo Deyse, a cirurgia era relativamente comum, com recuperação rápida, pois poderia estar em casa dentro de poucos dias como foi dito à ela pelos médicos. No entanto, a falha a prejudicou,tanto fisicamente quanto emocionalmente. Na consulta, o médico disse que seria uma gaze, pois só dava para ver uma ponta no exame.
Pela quarta vez buscando soluções médicas por complicações de saúde, o médico que diagnosticou o objeto cirúrgico dentro dela a orientou a procurar os médicos que fizeram a cirurgia anterior e que tomassem providências sobre o que foi diagnosticado na ultrassonografia.
Quando decidiu tomar providências, pois estava sofrendo havia cerca de seis meses com o objeto dentro do corpo, espontaneamente ela conseguiu expelir o material por meio das fezes. Segundo ela, foi uma circunstância dolorosa e horrível.
Segundo Deyse, na época ela entrou em contato com um dos médicos e o mesmo disse que a técnica em enfermagem por ter conhecimento na área, engoliu o material cirúrgico.
Em 1999 ela entrou com uma ação na Justiça para pedir indenização por erro médico. Neste ano, em agosto, após 20 anos da entrada com processo judicial e em andamento a técnica passou por perícia e aguarda uma resolução da Justiça.
A Justiça determinou que fosse realizada perícia médica, mas dos nove cirurgiões intimados, sete se declararam sob suspeição e se negaram a realizar o exame, o que atrasou a tramitação do processo movido por ela.
Nota na íntegra
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) esclarece que não responde pela Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, mas sim pelo Hospital Estadual Santa Casa – que foi inaugurado há pouco mais de um mês e opera com outra personalidade jurídica. Informações como a que foi solicitada, referentes à atuação da unidade filantrópica (e não do Hospital Estadual), devem ser questionadas junto aos representantes da sociedade que manteve a Santa Casa de Misericórdia até a paralisação de seus trabalhos.
* Sob a supervisão de Pollyana Araújo