Uma operação da Polícia Civil de Água Boa resgatou, na manhã de sexta-feira (24/10), uma mulher e seus dois filhos que permaneciam em cárcere privado e sob forte intimidação por parte do companheiro em uma propriedade de difícil acesso na zona rural de Água Boa, no interior de Mato Grosso. Segundo informações da delegacia local, o agressor, com histórico criminal extenso, mantinha a família isolada e sem condições de reagir.
O caso ganhou corpo após denúncia recebida pela Polícia Civil: a moradora do Projeto de Assentamento Santa Maria relatou que vinha sendo vítima de agressões físicas e psicológicas por parte do companheiro, que inclusive a impedia de sair da propriedade ou buscar ajuda. Conforme o boletim, ela vivia há meses em situação de vulnerabilidade total — sem recursos financeiros, sem apoio externo e num ambiente de medo constante.
“Estamos diante de mais um caso que demonstra o quanto a violência doméstica pode aprisionar a vítima não apenas fisicamente, mas emocionalmente”, afirmou o delegado Danilo Rodrigues, responsável pela ação. O agressor já possuía várias passagens por crimes de violência, ameaças e lesões corporais, o que amplificava o risco à mulher e às crianças.
Resgate e apoio à família
No local, na área rural de difícil abordagem, a equipe encontrou mãe e filhos — ambos menores de idade. A operação foi concluída com sucesso, garantindo a segurança dos atingidos. A mulher foi encaminhada para local em abrigo com atendimento humanizado pelos servidores da assistência social. A Secretaria Municipal de Assistência Social de Água Boa prestou apoio logístico e social, possibilitando inclusive que a família retornasse para o estado de origem — Maceió (AL) — onde serão acolhidos pelos familiares e integrados a uma rede de proteção permanente.
Dentro do contexto de vulnerabilidade rural, esse tipo de ação ressalta a importância de denúncias e atuação articulada das forças de segurança e assistência. Estudos indicam que, em todo o Brasil, cerca de 33,4% das mulheres com 16 anos ou mais já sofreram violência física ou sexual por parceiro íntimo ou ex-parceiro.
Contexto e dados para o Estado
No Mato Grosso, as investigações recentes indicam perfis semelhantes: vítimas jovens, baixa escolaridade, muitas vezes em isolamento social, enfrentando risco elevado. Conforme levantamento científico, a violência por parceiro íntimo mostrou-se predominante em mulheres indígenas ou com baixa instrução. Ainda que não haja número específico para o município de Água Boa, sabe-se que a prática de cárcere privado, quando associada à violência doméstica, constitui crime tipificado no Código Penal e também enquadra-se na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006).
Esse caso marca o terceiro resgate desse tipo no interior de Mato Grosso somente neste ano, segundo fontes da segurança pública estadual — o que reforça a necessidade de atenção especial às áreas rurais, onde o isolamento dificulta a comunicação da vítima com canais de denúncia.
Importante destacar: a denúncia sobre qualquer forma de violência pode ser feita de forma anônima, presencialmente em delegacias ou por telefone (190 ou 197). A articulação entre polícia e assistência social, como ocorreu aqui, é essencial para romper o ciclo de abuso e oferecer novas possibilidades de vida às vítimas.
Segundo a atribuição da Polícia Civil de Água Boa, a ação reafirma o compromisso institucional no enfrentamento à violência doméstica e familiar, garantindo a aplicação das medidas previstas pela Lei Maria da Penha e demais dispositivos penais.
Se você ou alguém que conhece está em situação semelhante: procure apoio. Ligue para 190 (emergência) ou 197 (Disque-Denúncia da Polícia Civil). Denunciar salva vidas.


















