Um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta que Mato Grosso teve quase três mortes por dia e uma internação a cada duas horas em decorrência de acidentes de trânsito. O primeiro índice é referente a 2016 e o segundo ao ano passado. Também em 2018, o Estado gastou R$ 5,5 milhões com pacientes que sofreram lesões nesta categoria.
Os dados mostram que Mato Grosso teve 1.013 óbitos em decorrência de acidentes de trânsito em 2016. O número é parecido com o ano anterior, quando foram registrados 1.013 mortes e menor que o de 2014, quando foram 1.125. Somando-se os últimos nove anos, foram 9.708 óbitos no Estado.
No Brasil, a cada 60 minutos, em média, pelo menos cinco pessoas morrem vítimas de acidente de trânsito. Os desastres nas ruas e estradas do País também já deixaram mais de 1,6 milhão de feridos nos últimos dez anos, ao custo direto de quase R$ 3 bilhões para o Sistema Único de Saúde (SUS).
No caso das internações, Mato Grosso teve 5.029, também em decorrência de acidentes de trânsito, em 2018. O número é menor que o do ano anterior, quando foram 6.126. Entre 2013 e 2015, os índices ficaram entre 4,5 mil e 4,7 mil. Nos últimos dez anos, foram 44.609 pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS).
Em números absolutos, 43% do volume total de internações registradas no SUS no período ficou concentrado em estados do Sudeste, região que reúne também metade da frota de veículos automotores do País. Outros 28% dos casos graves ficaram no Nordeste e o restante ficou diluído entre o Sul (12%), Centro-Oeste (9%) e Norte (7%).
Mato Grosso gastou R$ 5.518.938,57 com internações por conta de acidentes de trânsito em 2018. O número é menor do que no ano anterior, quando foram utilizados R$ 6.456.580,76. Nos últimos dez anos, o Estado gastou R$ 56.849.345,36 com pacientes que se acidentaram nas vias.
Se por um lado as tragédias no trânsito trazem dor e sofrimentos aos pacientes e seus familiares, por outros elas também estendem suas consequências para o bolso dos brasileiros. Na última década, as internações hospitalares decorrentes de acidentes de trânsito consumiram cerca de R$ 2,9 bilhões do SUS, em valores atualizados pela inflação do período.
Para o coordenador da Câmara Técnica de Medicina de Tráfego do CFM, José Fernando Vinagre, os números mostram que os acidentes de trânsito constituem um grave problema de saúde pública e que provoca sobrecarga nos serviços de assistência, em especial nos prontos-socorros e nas alas de internação dos hospitais. “É preciso reconhecer o importante aprimoramento da legislação ao longo dos anos e também o aumento na fiscalização, especialmente após a Lei Seca. No entanto, precisamos avançar nas estratégias para tornar o trânsito brasileiro mais seguro”, destacou.
Para a presidente da CFM, Carlos Vital, a solução para reduzir os acidentes depende de uma série de fatores de prevenção, reforço na fiscalização e sinalização, além de questões de infraestrutura e aprimoramento dos itens de segurança dos veículos. “Neste contexto, os médicos desempenham papel fundamental nas discussões sobre direção veicular segura. O impacto desses acidentes nos serviços de saúde é alto. Leitos são ocupados, hospitais e médicos se dividem no atendimento entre os acidentados e os que procuram assistência médica para patologias que não poderiam prevenir, diferentemente dos acidentes de trânsito, que podem ser reduzidos e prevenidos”, destacou.