Diante do cenário de alerta global referente ao novo coronavírus, o Ministério da Saúde (MS) tem reforçado que o Brasil está preparado para atender situações de emergência e que os laboratórios centrais e de referência do país estão aptos para realizar os testes e definir diagnósticos dos casos. Também diante do aumento do número de possibilidades de contaminação, o órgão federal de saúde se mobiliza para manter o controle da situação e passou a informar diariamente sobre as medidas contra o novo agente infeccioso.
O governo, inclusive, garante que já tem preparadas unidades de saúde para o pronto atendimento dos possíveis infectados em vários estados. Em entrevista coletiva realizada na quarta-feira (29), o secretário executivo da pasta, João Gabbardo, destacou que há hospitais de referência que seguirão protocolos. “Temos hospitais de referência, com ampla capacidade de atendimento, que seguem protocolos do plano de contingência alinhado às realidades de cada estado”, disse.
Ainda na quarta, uma lista de unidades hospitalares capacitadas para atender pacientes com suspeitas da doença. Exceto por Roraima, que ainda não contava com um estabelecimento hospitalar definido, todas as demais unidades da Federação estão prontas para atuar em casos de infecção pelo agente. Em Mato Grosso, o Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM) é a referência para o tratamento da doença.
Já anteontem, o órgão federal informou que abrirá processo de licitação para alocar novos mil leitos nos hospitais de referência indicados pelos estados. De acordo com Gabbardo, os termos de referência para o processo licitatório já começaram a ser elaborados e os leitos serão instalados em um período de até 30 a 40 dias, de acordo com os prazos legais e naturais de processos de licitação.
“O número de leitos será compatível com as demandas e, se precisar, vamos ampliar esse quantitativo”, informou. A pasta afirma que disponibilizará os leitos com todos os insumos necessários, assistência técnica, manutenção e treinamento. “Ainda não podemos definir a distribuição desses leitos, que seguirão os critérios dos planos de contingência dos estados e a evolução da doença. Quando determinados locais precisarem de reforço de leitos de UTI, esses terão prioridades e colocaremos à disposição dos hospitais”, garantiu.
Procurada pela reportagem do DIÁRIO para falar sobre possíveis outros hospitais preparados para atender os pacientes, a Secretaria de Estado de Saúde (Ses-MT) limitou-se a informar que não está concedendo entrevista sobre o coronavírus devido a uma orientação do Ministério da Saúde. “Após uma reunião de alinhamento com os secretários de Estado de Saúde do Brasil, prevista para ocorrer na próxima semana, vamos ter mais informações sobre a possibilidade de uma entrevista. Enquanto isso, fizemos uma nota com todas as informações que a Ses-MT recebeu, por parte do Ministério da Saúde, para enviarmos à imprensa”, frisou por meio da assessoria de imprensa.
Reforçou ainda informação já divulgada anteriormente de que participou de webconferência com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, onde foram repassadas informações e orientações para possível entrada do vírus no Brasil. “Diante disso, a Ses-MT emitiu um alerta a todos as unidades de saúde sobre o coronavírus, com orientações referentes às características de casos suspeitos; contatos do órgão estadual para uma possível notificação e condutas que devem ser adotadas após essa notificação”.
Segundo o MS, testes que incluem técnicas de detecção do genoma viral são realizados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ) e que outros laboratórios de referência como o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e o Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, estão sendo preparados para esta finalidade. “Nosso sistema de vigilância está em construção para identificar com precisão o novo coronavírus. Além disso, temos hospitais de referência, com ampla capacidade de atendimento, que seguem protocolos do plano de contingência alinhado às realidades de cada estado do país”, afirmou Gabbardo, por meio da assessoria de imprensa.
Até ontem pela manhã, no país, nove casos vinham sendo investigados por se enquadraram na atual definição de caso suspeito para nCoV-2019 (o novo coronavírus), estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “São pessoas que apresentaram febre e, pelo menos um sinal ou sintoma respiratório, e viajaram para área de transmissão local, a China, nos últimos 14 dias antes do início dos primeiros sintomas. Os demais não cumpriram a definição de caso, foram excluídos ou apresentaram resultado laboratorial para outros vírus respiratórios como o vírus Influenza A/H1N1, Influenza A/H3 e Rhinovirus”, frisou o MS.
De acordo com as autoridades públicas, os coronavírus são uma grande família viral, conhecidos desde meados de 1960, que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais. “Geralmente, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves a moderadas, semelhantes a um resfriado comum”, informou o MS. “Alguns coronavírus podem causar doenças graves com impacto importante em termos de saúde pública, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), identificada em 2002 e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), identificada em 2012”, acrescenta.
As investigações sobre transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. É importante observar que a disseminação de pessoa para pessoa pode ocorrer de forma continuada. Apesar disso, a transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro e contato pessoal próximo, entre outros. Os sinais e sintomas clínicos são principalmente respiratórios, semelhantes a um resfriado. Podem, também, causar infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias. Ocorrem ainda febre, tosse e dificuldade de respirar. Apresentando os sintomas, procure orientação médica.
O Ministério da Saúde anunciou também a ampliação das recomendações para que empresas não realizem pessoalmente reuniões com pessoas que vêm da China e indicou a utilização de métodos online, como teleconferências como alternativa para essas situações. A pasta reforçou a recomendação de que viagens para o principal país afetado pela doença, a China, só devem ser realizadas em casos de extrema necessidade.