Dobrou o número de internações de crianças com problemas respiratórios nos nove estados que fazem parte da Amazônia Legal, de acordo com estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). De janeiro a junho deste ano, o SUS registrou 30.546 hospitalizações –aproximadamente 5 mil por mês – enquanto o esperado para o período era de aproximadamente 2,5 mil.
O número de hospitalizações não corresponde exatamente ao número de pacientes, que eventualmente podem ter retornado ao hospital mais de uma vez durante o período.
O balanço foi publicado nesta quarta-feira (2) pela Fiocruz e analisa o aumento em aproximadamente 100 municípios da região Amazônica.
“Crianças são mais sensíveis a fatores externos, como a poluição. Seu sistema imunológico ainda está em desenvolvimento e o aparelho respiratório, em formação. São mais suscetíveis a alergias” – Christovam Barcellos, um dos autores do estudo
Áreas mais afetadas
O levantamento destaca os estados do Pará, Rondônia, Maranhão e Mato Grosso como mais vulneráveis e aponta um aumento nas mortes de crianças por complicações respiratórias em cinco estados da região.
Os pesquisadores dizem que, em alguns municípios, as internações quintuplicaram. Foi o caso de Santo Antônio do Tauá, Ourilândia do Norte e Bannach, no Pará; Santa Luzia d’Oeste, em Rondônia; e Comodoro, no Mato Grosso.
Roraima apresentou o maior aumento nos casos de morte. Em 2018, o estado registrou 1.427 mortes a cada 100 mil crianças, número que neste ano foi de 2.398.
A pesquisa alerta que viver em uma cidade próxima aos focos de incêndio pode aumentar em até 36% o risco de internação por problemas respiratórios. De acordo com a fundação, as queimadas deste ano acarretaram em um custo excedente de R$ 1,5 milhão ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Fumaça vai além
O chamado “material particulado”, resíduo tóxico gerado por queima, pode alcançar grandes cidades a centenas de quilômetros dos focos de queimadas, devido ao transporte de poluentes pelos ventos, diz a pesquisa.
É o caso de quando o dia virou noite em São Paulo em agosto desse ano, o fenômeno estava relacionado à chegada de uma frente fria e também de partículas oriundas da fumaça produzida em incêndios florestais.
O estudo alerta que os poluentes liberados pelas queimadas podem causar o agravamento doenças cardíacas, inflamação das vias aéreas, alterações no sistema circulatório, no sistema nervoso e até mesmo danos ao DNA, com potencial cancerígeno.