Chegou a 555 o número de trabalhadores de frigoríficos contaminados pelo novo coronavírus, segundo levantamento parcial obtido pelo Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT). Os dados são de 14 plantas instaladas no estado que pertencem às empresas JBS S/A, Vale Grande Indústria e Comércio de Alimentos S/A, Agra Agroindústria de Alimentos, Minerva S/A e Marfrig Global Foods.
Os números estão sendo compilados desde o mês passado pelo MPT, a partir de informações solicitadas às empresas e aos órgãos de Vigilância Sanitária. Conforme os documentos apresentados, a confirmações foram obtidas por meio de testes rápidos e RT-PCR.
Destes 555 trabalhadores, 289 são funcionários da JBS. Na unidade de Colíder, o número de trabalhadores com o vírus passou de 7 para 78. Em Pontes e Lacerda, de 3 para 58. Em Confresa, de 1 para 75. Em Araputanga, houve aumento de casos confirmados e comunicados ao MPT: de 1 para 46. Em Alta Floresta, agora são 6 os funcionários que testaram positivo para Covid-19. Em relação às demais unidades da JBS – Pedra Preta, Barra do Garças e Confresa, não foram encaminhadas informações sobre novos casos.
As unidades da Minerva em Mirassol D’Oeste e Paranatinga, que até então não tinham apresentado relação de trabalhadores contaminados pela Covid-19, informaram a ocorrência de 10 (5 em cada uma).
Na planta da Vale Grande em Matupá, passou de 3 para 7 o número de casos confirmados.
Marfrig de Várzea Grande
O frigorífico Marfrig, de Várzea Grande, registrou, até o início deste mês, 145 casos de Covid-19.
A empresa foi a única que firmou, até o momento, em Mato Grosso, Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o MPT, comprometendo-se a implantar rotina de testagem em todas as unidades. Especialmente quanto à unidade de Várzea Grande, o frigorífico assumiu, no acordo, a obrigação de realizar testagem em massa na planta, que hoje possui cerca de 3 mil funcionários. Com a testagem em massa e detecções posteriores, foram descobertos 91 novos casos.
Recomendações
O MPT encaminhou, desde o início da pandemia, várias recomendações ao setor frigorífico com o objetivo de orientar as empresas a adotarem medidas para diminuir o risco de exposição de trabalhadores à contaminação pela Covid-19 no ambiente de trabalho.
Os frigoríficos são locais propícios para disseminação do vírus, em razão da elevada concentração de trabalhadores em ambientes fechados, com baixa taxa de renovação de ar, baixas temperaturas, umidade e com diversos postos de trabalho que não observam o distanciamento mínimo apto a viabilizar a segurança durante a prestação de serviços, além da presença de diversos pontos que propiciam aglomerações de trabalhadores: transporte coletivo, refeitórios, salas de descansos, salas de pausas, vestiários, barreiras sanitárias, dentre outros.
Foram analisados diversos documentos encaminhados pelos frigoríficos, como protocolos e planos de ação de enfrentamento da Covid-19, e, no geral, constatou-se que são adotados parâmetros inferiores aos preconizados pelo MPT, inclusive por meio do conteúdo presente em TACs de natureza nacional firmados com outras empresas do setor.
Segundo o MPT, esse padrão protetivo inferior decorre também da adoção de alguns critérios presentes na Portaria Conjunta nº 19/2020, a qual estabelece, em determinados pontos, regras de proteção deficientes em relação à saúde dos trabalhadores, como, por exemplo, a ausência de previsão de afastamento de contactantes de casos suspeitos.
Para o MPT, o estabelecimento de critério restrito para o enquadramento de contactante tende a incrementar e expandir os casos de contaminação nas plantas frigoríficas.