O Ministério Público Federal (MPF) em Cáceres, a 220 km de Cuiabá, denunciou seis estudantes por suposta fraude no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizado em 2014.
Conforme a denúncia, os estudantes utilizaram indevidamente conteúdo sigiloso no processo seletivo realizado nas escolas 13 de Maio e Maria Gregoria Ortiz Cardoso, em Porto Esperidião, a 358 km de Cuiabá.
De acordo com o MPF, os seis candidatos obtiveram a mesma nota (930,2) na área de matemática e suas tecnologias, sendo que de um total de mais de 6,1 milhões de estudantes inscritos no exame, apenas 24 tiraram a mesma nota. Também foi constatada similaridade entre as notas nas demais áreas do conhecimento, sendo que em Linguagens, Códigos e suas tecnologias, todos tiveram a mesma nota, e em Ciências Humanas, dois obtiveram nota igual.
Da mesma forma, em análise aos gabaritos de prova dos denunciados, verificaram-se elevados percentuais de igualdade entre as respostas assinaladas por cada um. Isto porque, do total de 180 questões do exame, 139 foram respondidas igualmente pelos denunciados (similaridade de 77,22%). Além disso, do total de 180 questões do exame, 163 foram respondidas igualmente por 5 dos 6 denunciados (similaridade de 90,5%), e considerando apenas o segundo dia de provas, do universo de 90 questões, 89 tiveram a mesma resposta entre todos os denunciados, o que representa 98,8% de semelhança entre as respostas escolhidas.
Foram constatados ainda, por meio de diligências para averiguar a veracidade dos endereços informados pelos denunciados na inscrição do Enem, que todos os denunciados eram desconhecidos nos respectivos locais. Inclusive alguns, vieram de outros estados como Minas Gerais e São Paulo.
Corrobora ainda a fraude detectada pelo Inep, o fato de um dos denunciados ter afirmado o recebimento de proposta prometendo vantagens, mediante pagamento de valores entre R$ 100 mil e R$ 180 mil, para candidatos que realizassem o Enem no município de Porto Esperidião.
De acordo com a denúncia, fraudes dessa natureza causam danos a outros candidatos que foram preteridos em razão de atitudes que subtraem vagas ofertadas, e maculam ainda a credibilidade do sistema de seleção pública.
Diante disso, o MPF requer a condenação dos denunciados por fraude em processo seletivo para ingresso no ensino superior.