Moradora de Mato Grosso encontra filha após ela sumir por quase três anos

A dona de casa Jucélia da Silva, 34 anos, pode reencontrar a filha, hoje com cinco anos, depois que a gestora de um abrigo para moradores de rua descobriu que a criança, que chegou ao local com o pai, foi tirada à força da mãe

Fonte: CenárioMT

Recife PE
Criança foi localizada num abrigo para moradores de rua, em Recipe, capital de Pernambuco - Foto por: Ilustração

Uma garotinha de apenas 4 anos foi resgatada e devolvida à mãe, em Juara (MT), dois anos e oito meses após o pai ter fugido com ela para Recife (PE). Jucélia da Silva, de 34 anos, disse que entregou a filha, à época com 2 anos, ao pai antes do final de semana, porque ele alegou que levaria a criança para comprar roupas, no entanto, desde então, ela não teve mais notícias.

defensoria

Entenda

Terça-feira (15) de janeiro de 2019. Ao contrário do que fazia desde maio do ano anterior, Jucélia da Silva, 34, entregou a filha, de 2 anos, ao pai, antes do final de semana. Ele alegou que ia comprar roupas para ela. Na ocasião, a mãe sequer imaginou que adiantar o dia da guarda compartilhada a faria perder a criança por quase três anos.

A busca incansável da mãe pela filha terminou no dia dois de setembro deste ano, após a Defensoria Pública de Mato Grosso, num dos últimos atos no caso, solicitar à Prefeitura de Juara, passagens para que a dona de casa buscasse a menina. Até a mãe chegar, ela ficou  num abrigo para crianças, conforme requisição judicial feita pela defensora pública de Juara, Carolina Henrica Giordano.

A criança agora está em casa, se readaptando à família – padrasto e uma irmã de seis anos de outra união. A mãe afirma que a filha está magra, agressiva e arredia. E que tem intenção de buscar ajuda médica e psicológica para investigar o que ela deve ter passado durante os dois anos e oito meses que esteve em situação incerta, com o pai.

“Foi a maior felicidade do mundo quando a defensora me avisou que ela estava lá em Recife e eu ia poder buscar minha filha. Eu nem acreditei, apesar de nunca ter perdido a esperança de encontrá-la, eu fiquei meio boba. Estou grávida de cinco meses e ela e a minha outra filha estão lá, com ciúmes uma da outra, me disputando como mãe. Estou feliz e agora é cuidar dela”, disse.

A criança agora está em casa, se readaptando à família – padrasto e uma irmã de seis anos de outra união. A mãe afirma que a filha está magra, agressiva e arredia. E que tem intenção de buscar ajuda médica e psicológica para investigar o que ela deve ter passado durante os dois anos e oito meses que esteve em situação incerta, com o pai.

“Foi a maior felicidade do mundo quando a defensora me avisou que ela estava lá em Recife e eu ia poder buscar minha filha. Eu nem acreditei, apesar de nunca ter perdido a esperança de encontrá-la, eu fiquei meio boba. Estou grávida de cinco meses e ela e a minha outra filha estão lá, com ciúmes uma da outra, me disputando como mãe. Estou feliz e agora é cuidar dela”, disse.

Disputa pela guarda

Jucélia morou por três meses com o pai da criança. Nesse período, ela ficou grávida, mas decidiu se separar, após descobrir que o marido batia na outra filha dela.

À Defensoria Pública, a mulher disse que sempre foi dona de casa e que o ex-marido trabalhava como caminhoneiro. Após o nascimento da filha, os dois disputaram a guarda na Justiça e, por um acordo, em março de 2018, ficou estabelecida a guarda compartilhada.

Conforme o acordo judicial, a mãe ficava com a filha durante a semana e o pai nos finais de semana.

Desaparecimento

O desaparecimento da menina foi registrado em Sinop, no norte do estado, em janeiro de 2019, uma semana depois que o pai ‘sumiu’ com a filha. Ele buscou a menina durante a semana, fora do período combinado na Justiça, alegando que compraria roupas para a filha.

A Defensoria informou que, à época, entrou com um pedido de tutela provisória de urgência de busca e apreensão em favor da mãe. No mesmo dia, o juiz da Vara de Sucessões e Família de Sinop, Gleidson Barbosa, determinou que a criança fosse devolvida para a mãe, no entanto, a menina não foi localizada.

A defensora Carolina disse que Jucélia foi até o endereço do ex-marido, ligou para os telefones que tinha dele, mas as ligações iam para a caixa de mensagem. Um mês depois do desaparecimento, uma parente do suspeito contou à Jucélia que o ex dela estava em Rondônia.

Nesse período, a mãe disse que conseguiu falar com a filha, por telefone, com a ajuda da sobrinha do suspeito, sem que ele soubesse. No entanto, esse contato durou pouco. Ele teria se mudado novamente com a criança, época que Jucélia perdeu totalmente o contato com a filha. Posteriormente, ela ficou sabendo que o ex-companheiro tinha ido morar com a mãe dele, que o ajudava financeiramente. Mas, ela teria morrido e ele desapareceu novamente.

Busca pela Justiça

A decisão da busca e apreensão foi para o Juizado da Infância e Juventude. Em fevereiro de 2019, o órgão informou que já havia esgotado os recursos que tinha para localizar o pai da criança, sem cumprir a determinação. Desde então, o processo passou pelo Ministério Público, teve manifestação de dois outros defensores e de três juízes que buscaram a localização suspeito, por meio de dados da Receita Federal e de outras formas, também sem êxito.

No decorrer desse tempo, Jucélia se mudou para Juara, onde mora atualmente, se casou novamente, mas continuou a procura. No dia 25 de agosto, o delegado da Especializada em Crimes Contra Criança e Adolescente de Recife, Geraldo da Costa, encaminhou um e-mail para a Vara de Família de Sinop, informando a localização da criança e pedindo orientações sobre como proceder com ela.

O delegado afirmou que havia sido procurado pela gestora do abrigo para moradores de rua, Casa de Passagem Diagnóstico, que informava que o suspeito estava no local, com uma criança e que essa criança era procurada pela mãe há cerca de três anos. Ele recebeu o mandado e foi orientado a encaminhar a criança para um abrigo infantil.

O processo, requerido pela defensora em maio deste ano, foi remetido para a comarca de Juara no mesmo dia da comunicação do delegado.

Naquele dia, a defensora entrou em contato com a delegada de Recife para ter detalhes sobre a situação da criança e, logo depois, comunicou a mãe para ir buscá-la.