O programa dominical Domingo Espetacular, da TV Record, trouxe uma reportagem especial sobre a suposta fraude milionária com a concessão das sete unidades do Ganha Tempo, em Mato Grosso, na noite deste domingo (20). A matéria destaca que CPFs foram usados para falsificar atendimentos e, assim, cobrar a mais pelos serviços junto ao Governo. Uma pessoa, por exemplo, chegou a ter mais de 500 atendimentos em seu documento pessoal. Caso não fosse descoberto, a fraude poderia levar a um rombo de R$ 250 milhões aos cofres do Estado.
As unidades do Ganha Tempo são administradas por um consórcio, que venceu a licitação para gerenciar os atendimentos de sete unidades espalhados pelo Estado, em 2016. O valor estimado da concessão é de R$ 460 milhões e tem um prazo de 15 anos. Mas, após o primeiro ano, já surgiram as primeiras denúncias de fraudes.
Uma auditoria da Controladoria Geral do Estado (CGE) identificou mais de 37,9 mil atendimentos em CPFs inválidos. Deste montante, mais de 500 casos eram com cadastros com várias sequencias de zero. Também foi possível detectar atendimentos de CPFs cadastrados de pessoas já mortas. A reportagem ainda destaca casos de mato-grossenses, ainda vivos, que já tiveram o documento usado centenas de vezes sem autorização para simular atendimentos.
A reportagem relata casos de que um mesmo CPF ser utilizado em duas agências do Ganha Tempo, distantes cerca de 600 km uma da outra, em intervalos de minutos.
Os valores pagos pelo Governo às empresas do Consórcio eram calculados de acordo com o número de atendimentos e com a rapidez com que eram finalizados. A auditoria do CGE descobriu que a concessionária falsificava esses atendimentos, usando os CPFs indevidamente, aumentando assim a remuneração recebida pelo Estado por serviços não prestados. Os achados da Controladoria levaram a uma investigação na Polícia Civil.
Após ouvir mais de 1,2 mil pessoas, sendo 103 do próprio Ganha Tempo, os investigadores descobriram outras irregularidades na atuação do Consórcio Rio Verde. Revelou ainda atendimentos feitos após o horário de expediente e de funcionários que estavam fora do horário de trabalho.